A casa-da-mãe-Dilma – Entenda o imbróglio das violações de sigilo. Ou: ex-jornalista que se meteu com a arapongagem agora diz ter sido roubado por… pe

Por Reinaldo Azevedo - Veja Online
É compreensível que mesmo os leitores mais atentos estejam um tanto aturdidos com o imbróglio das invasões de sigilo e com o baguncismo que se instalou na Receita Federal, a casa-da-mãe-Dilma. O PT investe bastante nessa confusão. Reportagem de Daniel Pereira e Otávio Cabral na edição de VEJA desta semana põe ordem na confusão, estabelecendo, inclusive, a cronologia dos fatos. Destaco abaixo um trecho importante. Uma das personagens desse evento típico de um estado policial é o ex-jornalista Amaury Ribeiro Jr., que tem sido vergonhosamente poupado por muitos repórteres em razão, creio, do mais cretino corporativismo. Afinal, que papel exerce este senhor nesta quadra lamentável da política brasileira? Leiam. Volto em seguida:

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Em maio passado, VEJA revelou que o pré-comitê de campanha da candidata [Dilma Rousseff] havia tentado montar um grupo para investigar a vida dos adversários, principalmente José Serra, seus familiares e amigos. O “aparelho” foi estourado pela reportagem e veio ordem de cima para debandar. O que se sabe é que circulou entre eles uma papelada de aproximadamente quarenta páginas intitulada “Operação Caribe”. Ela continha informações fiscais de Verônica Serra. Eduardo Jorge, Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio e Gregório Preciado - os mesmos personagens que tiveram seu sigilo invadido em Mauá.

VEJA teve acesso ao conteúdo do documento. Ao lado de dados fiscais dos investigados, alinhavam-se informações facilmente obtidas pelos mecanismos de busca da internet e toneladas de ilações e interpretações sem embasamento. O autor do “trabalho”, o jornalista Amaury Ribeiro Jr., foi um dos primeiros integrantes do frustrado grupo de espionagem. Conclusão que parece óbvia: o jornalista foi o destinatário da violação de sigilo fiscal, certo? Na versão dele, não, de jeito nenhum, muito pelo contrário. Amaury garante que os petistas roubaram de seu computador informações que subsidiariam uma reportagem. Extraordinário!

Segundo o relato do jornalista, há anos ele investiga empresários e políticos. José Serra, a filha, Verônica, o ex-ministro Mendonça de Barros e Gregório Preciado estavam entre seus, alvos. Em entrevista a VEJA, o jornalista admitiu que realizou uma investigação envolvendo a filha do candidato, que o papelório intitulado “Operação Caribe” foi redigido por ele e que, de fato, foi convidado a integrar o “grupo de inteligência da campanha”. Mas uma coisa nada tem a ver com a outra, claro. De acordo com Amaury, seu “trabalho de investigação” foi jornalístico, realizado no período em que era funcionário de um jornal de Minas Gerais.

Apenas em abril, depois de ter deixado o jornal, é que Amaury afirma ter recebido o convite para trabalhar no comitê de campanha do PT, o que, por motivos financeiros, não chegou a se concretizar. Os ladrões petistas teriam invadido o hotel em que estava hospedado em Brasília — num quarto, aliás, alugado pelo comitê de campanha do PT —, violado o seu computador e copiado e transformado em dossiê o produto de suas “investigações jornalísticas”.

Apesar da história fantástica, não há dúvida alguma de que o resultado da violação dos sigilos fiscais nas delegacias da Receita em Santo André e Mauá teve como destino o pré-comitê de campanha de Dilma Rousseff, que foi desbaratado depois das revelações de VEJA. Isso já seria grave demais, por si só, mas ganha dimensões imensuráveis quando surgem evidências de que o estado brasileiro pode estar associado aos criminosos.
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Voltei
Lei a íntegra da reportagem. É muito elucidativa. Como se nota, histórias que envolvem essa gente têm sempre aspectos sensacionais, que assombram a lógica, violam a racionalidade e escandalizam o bom senso.

Então os petistas invadiram o quarto de Amaury — que os próprios petistas pagavam — e roubaram dados de seu computador. Em vez de chamar a polícia, ele foi se reunir com arapongas, como provou VEJA, para tratar do dossiê contra José Serra. Nestes tempos, até as desculpas passaram por um processo de rebaixamento.

Pois é… Segundo o ministro Aldir Passarinho, do TSE, não dá para responsabilizar a campanha de Dilma Rousseff por isso, embora todos — eu escrevi: “TODOS” — os sigilos quebrados dos tucanos mais o do Verônica tenham ido parar na mão da petezada que estava envolvida com a campanha presidencial. E isso é FATO, não BOATO.

Mais constrangedor do que isso: certo colunismo, repetindo o discurso do PT e as barbaridades ditas por Lula — para quem uma agressão à Constituição é só “futrica” —, acusa Serra de reação exagerada e de tentativa de vencer a eleição no tapetão. A isso chegamos. Para onde vamos? Vai depender da tolerância — nossa, das instituições e dos juízes — com a bandalheira. Leiam os posts que seguem sobre o aparelhamento do estado e o Partido do Polvo. Eles ajudam a instruir a nossa vontade.

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