As Centrais Sindicais brasileiras repudiam e manifestam a sua indignação à declaração do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, que afirmou nesta segunda-feira, dia 21, durante sabatina do Jornal Folha de São Paulo, que não mexeria na atual legislação sobre o aborto. Para ele "liberar o aborto criaria uma verdadeira carnificina no país."
É lamentável que um candidato a presidência da República tenha essa postura. Ao fazer essa declaração, ele fecha os olhos para milhares de mulheres que recorrem ao aborto como o último recurso para evitar uma gravidez indesejada e não como um método anticoncepcional.
Não há mulher ou homem que defenda o direito ao aborto, que considere a interrupção da gravidez uma decisão fácil, pelo contrário, é uma decisão difícil para a imensa maioria das mulheres que precisam recorrer a ele, podendo gerar conseqüências tanto físicas quanto psicológicas.
O reconhecimento do direito das mulheres em decidir sobre sua sexualidade e reprodução é o princípio dos direitos humanos e da cidadania que substancia os direitos sexuais e os direitos reprodutivos.
Serra parece desconhecer os números apresentados pelos países onde o aborto foi legalizado e é realizado em condições seguras e adequadas. Nesses locais houve redução do número de abortos, da mortalidade materna e das seqüelas provocadas pelos abortos realizados em péssimas condições. Só para se ter uma idéia, enquanto a taxa de aborto por 1.000 mulheres é de 4/1.000 em países como a Holanda, no Brasil a estatística é 10 vezes maior: 40/1.000. E na África do Sul, país que legalizou o aborto em 1997, a mortalidade materna caiu mais de 90% desde então.
Surpreende que um ex-ministro da Saúde faça uma declaração tão irresponsável como essa. Ele conhece os números do Sistema Único de Saúde. Quando Ministro da Saúde, José Serra foi pressionado a aprovar a norma técnica que assegura o acesso ao aborto legal no SUS. Ele sabe muito bem a quantidade de mulheres atendidas com hemorragia ao tentar fazer abortos em condições precárias. Sabe que a carnificina que ocorre é aquela patrocinada pela hipocrisia, pelos conservadores, moralistas, que fecham os olhos à realidade vivida por milhares de mulheres, que a cada dia, colocam suas vidas e sua saúde em risco, especialmente as pobres.
Ao utilizar o termo carnificina Serra propaga o caos e a desordem, o pânico.Por isso, nós Centrais Sindicais, abaixo assinadas reiteramos nosso repúdio às palavras de José Serra e reforçamos o compromisso que assumimos na Assembléia Nacional da Classe Trabalhadora realizada no dia 1º de junho de 2010, onde as centrais assumiram a luta pela descriminalização do aborto e seu tratamento enquanto questão de saúde pública.
Não podemos aceitar que o Estado controle o corpo das mulheres e imponha a maternidade como um destino obrigatório a todas as mulheres.
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do BrasilCentral Única dos Trabalhadores
Força Sindical
União Geral dos Trabalhadores
3 comentários:
Papa: políticos pró-aborto podem ser excomungados
( entrevista - ano de 2007)
http://g1.globo.com/Noticias/PapanoBrasil/0,,MUL33664-8524,00.html
É repugnente que as pessoas que defendem o aborto o tratem como direito da mulher ou problema e saúde pública. Realmente, temos o direito de fazer o que quisermos com o nosso corpo.
Entretanto, o feto não faz parte do nosso corpo. É uma vida humana em formação que a própria mulher ajudou a gerar e não quer ter a responsabilidade de criar, não quer assumir as consequências de seus atos, em geral, levianos. Não considero aqui os casos de estupro.
Quanto a tratar o aborto como caso de saúde pública, isto só acontece quando a gravidez representa perigo para a vida da mãe. Quando uma irresponsável qualquer procura uma açougueira qualquer para tirar de dentro de si um ser humano em potencial, está sim cometendo um crime doloso contra a vida. Ela que, ao rejeitar responsabilizar-se pelas consequências de seus atos, está transformando a saúde de seu corpo num problema de saúde pública.
Sejamos honestos, a maioria das mulheres que comete aborto não foi vítima de estupro e nem tem a sua vida colocada em risco por uma gravidez. Mesmo as mais pobres não tem desculpa, pois postos de saúde, associações de moradores, universidades, ongs e muitas outras instituições distribuem contraceptivos gratuitamente.
Se não querem filhos, evitem-os durante o ato sexual, mas não o matem no útero.
Muito bem colocada esta posição. Para se combater o ABORTO é necessário lutar por JUSTIÇA SOCIAL.
JUSTIÇA SOCIAL se faz com o fim da miséria (favelas), distribuição de renda (melhores salários), reforma agrária e urbana (doação de terras).
A proibição do ABORTO é o estancamento do sangramento desta ferida que é a INJUSTIÇA SOCIAL. O ideal é curar esta ferida.
Um governo opressor usa a religiosidade do povo para transferir sua culpa para os pobres.
A fé em Deus através da JUSTIÇA SOCIAL eliminará o problema do ABORTO, e não uma lei que despreza a necessidade humana e mata não só a criança como também a genitora por estar a mercê de clínicas clandestinas sem nenhuma fiscalização.
ORÁCULO – www.escolasensitivista.blogspot.com
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