Promotor denuncia tesoureiro do PT por crime de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro

Fausto Macedo- Radar Político, Estadão
Atualizado às 13h37

O promotor de Justiça José Carlos Blat acaba de anunciar perante a CPI da Bancoop na Assembleia Legislativa de São Paulo que denunciou criminalmente à Justiça o tesoureiro do PT João Vaccari Neto por supostos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Blat informou aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga fraudes na Cooperativa Habitacional dos Bancários de SP, criada por um núcleo do PT na década de 1990. Ele também requereu a quebra de sigilo bancário e fiscal de Vaccari. A denúncia do promotor foi protocolada às 10h57 e será analisada pela 5ª Vara Criminal da capital paulista.

Vaccari foi diretor-administrativo da Bancoop e presidiu a cooperativa até março passado, quando afastou-se do cargo para assumir a função de tesoureiro do PT. O promotor investiga o caso Bancoop desde 2007. Na denúncia que apresentou hoje à Justiça, ele aponta “negócios escusos da Bancoop, durante a gestão Vaccari neto, inclusive relacionados a campanhas eleitorais”.
Blat suspeita que recursos que teriam sido desviados da cooperativa abasteceram campanhas do PT. Segundo ele, a empresa Germany, fornecedora da Bancoop teria movimentado R$ 50 milhões por meio de caixa 2.

A denúncia do promotor tem 81 páginas. Ele informou à CPI que os desvios na Bancoop provocaram rombo de R$ 170 milhões. A base da denúncia é o laudo n 39/2010, produzido pelo laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro, órgão da procuradoria-geral de justiça de São Paulo. Blat classificou a Bancoop como “uma verdadeira org criminosa”. O promotor juntou à denúncia 60 anexos e documentos, informações bancárias e fiscais.

O rastreamento de 8 mil cheques mostrou, segundo o promotor, “movimentações escandalosas, absurdas”. Ele citou despesas de um valor de 100 mil em um pagamento de estadias no hotel Grand Hyatt São Paulo em reservas feitas pela direção da cooperativa durante os GP de F-1 de 2004 e 2005. O promotor requisitou à direção do hotel quem se hospedou com recursos da Bancoop.
A investigação mostra ainda repasse de R$ 50 mil da Bancoop para um centro espírita. O Ministério público apura prejuízos que teriam atingidos pelo menos 3 mil cooperados. Além da quebra de sigilo, Blat pediu o bloqueio de bens de Vaccari e outros investigados, entre ex-dirigentes da Bancoop e empresários.

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