Cotados ao cargo têm perfis discrepantes, o que só aumenta as incertezas sobre o que esperar para o futuro do órgão e da economia
Benedito Sverberi e Derick Almeida - VEJA
Todas as atenções dos especialistas estarão voltados, nos próximos dias, a quem será o escolhido para ficar à frente do Banco Central (veja análise dos mais cotados). A depender do nome, o mercado refará suas apostas sobre o que esperar da economia no governo Dilma. O clima de incerteza já começa a afetar alguns indicadores, como as expectativas para as taxas de juros. O que se espera é que a presidente eleita – por mais que se compreenda o cuidado em não melindrar o presidente Lula, que tem um mês até ‘passar o bastão’ – venha a público expor suas convicções e, de preferência, reafirmar o compromisso com a estratégia bem-sucedida de combinar política monetária independente e ajuste fiscal.
Durante a campanha, Dilma fazia coro à postura do presidente Lula de que não se “brinca com a estabilidade”. Por repetidas vezes, alardeou um Banco Central autonômo e a continuidade da política econômica. Nos últimos dias, entretanto, têm vindo da Granja do Torto sinais preocupantes, na esteira dos rumores sobre quem ocupará a presidência do BC. A hipótese da permanência de Henrique Meirelles – que chegou a ser cogitada na semana passada – teria perdido força por conta da suposta exigência de garantias de independência do órgão. Reforça essa percepção a continuidade, já praticamente assegurada, de Guido Mantega na pasta da Fazenda. Claro defensor de um estado que usa o gasto público para induzir o crescimento, Mantega é um opositor de Meirelles – pois este, ao contrário do ministro, vê como ideal a limitação da expansão das despesas para diminuir os riscos de descontrole da inflação e, assim, reduzir a necessidade de juros altos.
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