Direto do Rio de Janeiro
Instantes antes da inauguração da 13° Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Morro dos Macacos, no bairro de Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro, os moradores parecem indecisos entre o alívio pela expulsão dos traficantes e a incredulidade. A desconfiança é de que a pacificação da favela seja efêmera e que o Estado não tenha vindo para ficar.
"Todo mundo vai dizer que é bom, não é mesmo? Então pode escrever aí que é bom", debochou uma moradora, que como quase todos preferiu não se identificar. Uma diarista de 37 anos elogiou a recente condição de limpeza pública melhor pela instalação da UPP, o que possibilita a chegada da Comlurb (departamento de limpeza da prefeitura). No entanto, coloca dúvida sobre a permanência. "Pode ser que daqui a cinco anos mude o governo e tudo isso tenha sido só pra bonito", disse.
A tomada do Morro dos Macacos tem um sabor especial para a polícia, segundo o próprio comandante de polícia pacificadora, Coronel Robson Rodrigues da Silva. Foi neste local que em outubro de 2009 um helicóptero da Polícia Militar foi abatido por traficantes da facção Amigos dos Amigos (ADA). Ele minimiza a proximidade com outra comunidade ainda não pacificada do outro lado do mesmo morro, a São João. "Temos um trabalho de inteligência e operações especiais constantes", diz.
A UPP do Morro dos Macacos deve beneficiar 12 mil pessoas da comunidade e mais 27 mil no entorno. Segundo o comandante da UPP, capitão Felipe Barreto, o policiamento contará com 228 homens que cumprem turnos diurnos e noturnos de 12 horas, a pé e com apoio de veículos. "Além da presença da polícia, o que é importante é abrir espaço para o poder público oferecer serviços", diz o policial.
A inauguração da UPP lotou de gente o largo da entrada da favela. Uma multidão de militares, políticos, servidores públicos e jornalistas se misturou à população local. Homens do Batalhão de Operações Especiais faziam a segurança de cima das lajes e de pontos estratégicos nas principais ruas.
A cerimônia contou com a participação do governador do estado, Sérgio Cabral, do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e comandante geral da Polícia Militar, Mário Sérgio Duarte. A UPP do Macacos vai beneficiar 27 mil pessoas da comunidade e entorno. Duzentos e vinte e oito policiais trabalharão na unidade, que será comandada pelo capitão Felipe Barreto.
Dos poucos a aceitar se apresentar, o atendente Antonio da Silva Costa resumiu o espírito de quem gosta da tardia presença do Estado, mas ainda está arisca a ela. "Temos que esperar o tempo passar para ver o que vai acontecer", disse.
Com informações de O Dia.
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