Só 58 ministérios acomodariam aliados

Se Dilma decidisse contemplar todos os pedidos dos 12 partidos da base, precisaria criar pelo menos mais 21 pastas

Transportes, Cidades e Integração Nacional, que terão R$ 31,9 bi para investir, são as pastas mais cobiçadas

NATUZA NERY, RANIER BRAGON
Folha de São Paulo

Se Dilma Rousseff decidisse contemplar todos os pedidos dos 12 partidos de sua base, teria de ampliar o tamanho da Esplanada de 37 para no mínimo 58 ministérios.
Sua maior dor de cabeça será a indicação de nomes para os disputadíssimos ministérios dos Transportes, das Cidades e da Integração Nacional, cobiçados por PMDB, PT, PSB, PP e PSC.
O poder de investimento dessas pastas explica a atração que exercem: são R$ 31,9 bilhões livres para obras neste ano (46% do total de toda a Esplanada) e uma previsão generosa para o próximo.
O Ministério das Cidades, com orçamento de investimentos de R$ 8,2 bilhões, está hoje nas mãos do PP. E é o campeão em número de postulantes no governo Dilma. Quatro legendas (PMDB, PT, PSB e PP) competem entre si.
Já Transportes, controlado atualmente pelo PR, é disputado por PMDB e PT. A pasta tem o maior orçamento para obras: R$ 16,4 bilhões.

Cidades e Transportes ganharão mais vulto com a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. Praticamente toda a receita desses ministérios vem do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Dilma planejava colocar nessas áreas titulares de sua extrema confiança e profissionalizar mais os ministérios. Mas terá que superar a ansiedade de seus aliados.
A petista fez sua campanha presidencial ao lado do mais robusto arco de alianças. Venceu a eleição com a promessa de acomodar dez partidos. Além deles, PP (oficialmente neutro) e PTB (que apoiou José Serra) também querem espaço no governo.

Embora a partilha de cargos atenda a certas peculiaridades, há uma tradição em Brasília de levar em conta o desempenho nas urnas. O PSB conquistou seis governadores. Como possui hoje dois ministérios de pouco peso (Ciência e Tecnologia e Portos), deve ganhar ao menos mais um. O objetivo principal é reaver Integração Nacional, perdido para o PMDB.

Há 20 ministérios em disputa, mas o foco da cobiça parece recair sobre o patrimônio do PMDB. Todas as seis pastas controladas pela legenda são desejadas por outros aliados. Os destaques são Integração Nacional, Saúde e Agricultura.
Das áreas sob o comando do PT (17), só o Turismo mereceu interesse do PSC e do PTB. O PDT também estaria na disputa, mas dificilmente terá outra pasta além de Trabalho, que ocupa hoje, pois diminuiu no Senado e não elegeu governador.

Um comentário:

Joana D'Arc disse...

Quem sabe a 'presidentA' não cria mais ministérios para acomodar a patota?! Afinal, custa tão pouco para sustentar esses 'elefantes brancos'...rsrsrsrs
Porque a partilha dos cargos das estatais e outros que tais já foi feita!