CALA BOCA: Em reunião com Executiva do PT, Lula pede lei para controlar a mídia

Lula escancara o esforço para tutelar Dilma Rousseff e lembra à cúpula do PT quem, de fato, é o chefe

Por Reinaldo Azevedo - Veja Online
O Babalorixá de Banânia se reuniu ontem com a Executiva Nacional do PT no Palácio da Alvorada e estabeleceu prioridades do partido — ou, se quiserem, ele definiu “a” prioridade: aprovar o projeto para controlar a imprensa, de autoria do ministro da Supressão da Verdade, Franklin Martins. É bem verdade que Franklin transforma em esmero autoritário o seu rancor, mas que não se tenha dúvida: a proposta é do Apedeuta! É Lula quem quer “controlar a mídia” O encontro, dada a pauta, é uma óbvia manifestação de desrespeito com a presidente eleita, Dilma Rousseff, e escancara o esforço de tutela.

Não estou entre aqueles que ficam separando bom petista de mau petista. Meu juízo é mais simples: se bom, por que petista; se petista, por que bom? Dilma saiu do nada e se elegeu nas costas de Lula, é fato. Mas também é fato que chegou ao cargo segundo as regras estabelecidas pelas instituições brasileiras. Ela até pode ser tutelada e gostar disso, mas a Presidência não é. E o Babalorixá já está num esforço furioso para deixar claro quem manda. Por mais que Dilma esteja decidida a ter um comportamento sabujo nos quatro anos vindouros; por mais que ela saiba que não poderá ir contra a vontade do “chefe”, há um espaço de arbitragem que lhe é exclusivo. Ou ela o exerce ou não governa.

A reunião de ontem serviu para Lula deixar claro que o “controle da mídia” é uma prioridade. E ainda desafiou seus comandados: “Quero ver quem vai afinar, hein?”. A frase é expressão de certa tensão na rua petista. No tal seminário da TV Cultura, Franklin afirmou:

“Ainda vou precisar de mais umas duas, três semanas, para mandar para ela [Dilma] o projeto, e aí ela vai ver o que ela faz. Com aquele caminhão de votos que ela teve, ela decide”.

Ele está errado. Quem decide nessa matéria é a Constituição. A última coisa de que Dilma precisa no primeiro ano de mandato é comprar uma briga com a imprensa. Ao contrário até: para ela, a paz é muito melhor. Mas Lula quer a guerra.

Também nessa reunião, ele voltou a se referir ao mensalão e jurou trabalhar para provar que se tratou de uma farsa. Anunciou ainda a disposição de lutar pela reforma política e pelo financiamento público de campanha. Escrevi ontem a respeito dessa patacoada. Em abril, segundo Paulo Vannuchi, que vai coordenar o “Instituto Lula”, a entidade já estará em funcionamento, e o Apedeuta vai se assanhar.

Se Dilma não tomar cuidado, de subordinada de Lula, o que ela aceita passivamente, passa a ser não mais do que uma figura ridícula, decorativa. O chefão já disse ao partido: nessa matéria, é preciso, se for o caso, deixar de lado a presidente e brigar pela regulamentação. “Sem afinar!”

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