Cala a boca: Um maníaco à solta

Por Reinaldo Azevedo - Veja Online
No post abaixo, que trata do “chega pra lá” que a Comissão de Orçamento deu no Babalorixá de Banânia, escrevi no título: “Primeiro sinal de que Lula já era”. Sim, leitor, há certo exagero retórico aí. Só estou chamando a atenção para o fato de que, por mais que Lula tente manter as rédeas do país, as instâncias políticas têm especial apreço por quem detém o poder de fato — vale dizer, a caneta.

Lula dará trabalho a Dilma Rousseff. Vai assombrar a política como nenhum outro ex-presidente na história destepaiz… Tratarei do assunto mais tarde. Ele não suporta ser contrariado. Calcinou todos aqueles que a tanto se aventuraram: ou tiveram de sair do PT ou foram reduzidos à irrelevância. Vamos ver como se comporta tendo, pela primeira vez na sua história, um (uma) petista mais poderoso (a) do que ele — ao menos formalmente.

É claro que num eventual braço-de-ferro com Dilma, ela perderia, porque o poder real do PT não está no Executivo, mas no aparelhamento do estado. O confronto jamais chegaria a tanto — e ambos tentariam evitá-lo ao máximo, já que não seria bom para ninguém. Quem convive com Lula conhece a sua irritação com quem não faz aquilo que ele manda. Lula acaba de ter a primeira manifestação — ainda pequena, quase irrelevante — de que, a partir de 1º de janeiro, ele estará na planície, ainda que tenha enchido de espiões o Planalto.

Terá Dilma alguma ambição de existir politicamente? Eis uma boa questão. Por enquanto, na transição, ela fala por meio de um eloqüente silêncio. Deve ter percebido que Lula está no auge da fase maníaca; nunca, como agora — prestes a deixar o mandato —, sentiu-se tão poderoso. É uma fase complicada. Nessas horas, sendo impossível dar um sossega-leão para o doido, o melhor é guardar certa distância.

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