Lula recebeu aí uma premiação. Ao discursar, declarou estar com certa inveja de Dilma Rousseff porque ela vai receber um governo antecedido por… Lula!, sorte que ele próprio não teve. Tento de novo: o Babalorixá de Banânia está com inveja de sua sucessora porque ela terá o prazer de receber um governo das mãos dele. É espantoso! Nunca antes na história destepaiz houve algo parecido. É por isso que sugeri que, no dia 2 de janeiro, ele passe a freqüentar as reuniões da AEA — Associação dos Ególatras Anônimos. Como anônimo não é, pode disfarçar a arrogância fantasiando-se de Napoleão.
Segundo uma pesquisa Ibope divulgada ontem, o governo é aprovado por 80% dos brasileiros, e a aprovação pessoal de Lula chega a 87%. Na reta final do mandato, ele bate recordes. Um dos fatores que permitiram mais esse salto foi a ação das Forças Armadas na Vila Cruzeiro e no Morro do Alemão, no Rio. Povo gosta de ordem — ainda que possa não ter muita clareza do que se deu lá. Pois é. O presidente poderia estar feliz da vida. Sua obra, justa ou injustamente, é apreciada por uma ampla maioria; há em todo canto quem o elogie fartamente. Mas é pouco! Sempre será pouco!
Vocês certamente já ouviram falar da “inveja do pênis”, que dá pano pra manga e pra muito tricô furioso de feministas. Não tem nada a ver com vestiário masculino depois do futebol — aquele é outro fenômeno: trata-se do Complexo da Comparação Sub-Reptícia do Pênis; eventualmente, há inveja, mas dessa Freud não tratou, hehe. Na formulação freudiana, ao se comparar com o menino, a menina sente inveja da externalidade de sua genitália e experimenta o Complexo da Castração, pela qual culpa, inconscientemente, a mãe, com quem deixa de se identificar, buscando o pai e, nessa trilha, a maternidade. Faço aqui uma síntese ligeiríssima. Na teoria, a coisa é bem mais complicada do que isso e tem implicações diversas na formação da sexualidade feminina.
Freud tinha um amigo meio maluquete chamado Wilhelm Fliess, um otorrino. Lendo a biografia do pai da psicanálise, a gente chega a supor que rolou um clima entre os dois. Uma das teorias furadas de Fliess sustentava a bissexualidade dos humanos, coisa à qual seu amigo chegou a dar corda. Mas tese mais exótica do otorrino sustentava haver uma relação entre o nariz — a mucosa nasal propriamente — e os órgãos genitais. Convenham: só o amor explica que Freud lhe tenha dado trela. Mas por que lembro Fliess?
Porque nem este delirante especulador ousou imaginar a patologia psíquica — e seria considerado doido se o fizesse — que acomete Lula: é a chamada “Inveja do Próprio Pênis”, um fenômeno do inconsciente ainda não-catalogado. Não ficaria bem ficar falando de pênis presidencial, é claro. Nem eu o faço. O leitor tem de entender que estamos no mundo da psicanálise. O “pênis” não é o bingolim propriamente, mas um símbolo — no caso, de poder.
Lula se tem em tão alta conta e de tal maneira acredita encarnar a Maravilha, que consegue sentir inveja de si mesmo. Como isso é possível? Ele não pode, por exemplo, ser o “outro” para poder admirar “Lula”. É uma coisa muito mais séria do que narcisismo — qaue está em todos nós. Não! O Babalorixá não está enamorado de si mesmo: o Lula que dorme com Dona Marisa sente inveja do Lula mítico, aquele que, segundo Jaques Wagner, governador da Bahia, fez 80 anos em oito… A inveja do pênis, aquela freudiana, é parte da construção da psique; a inveja do próprio pênis é doença mesmo!
O homem chega ao fim do mandato com a popularidade nas nuvens. E, no entanto, é o caso de dizer: “Pobrezinho!” Diante do espelho, sem o mito do qual sente inveja, não é ninguém; sente-se emasculado. Vai ter de se tratar.
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