Eliane Cantanhêde - Folha de São Paulo
Caro leitor, cara leitora, vamos fazer uma continha simples de somar e diminuir?
O governo federal rapidamente anunciou R$ 780 milhões para os gastos mais urgentes nas tragédias deste início de ano no Brasil, incluindo as tempestades no Sudeste e a incrível seca em algumas partes, como no Rio Grande do Sul.
Desse dinheiro, R$ 700 milhões foram destinados ao Ministério da Integração Nacional e à Defesa Civil, para, por exemplo, comida, remédios, colchões e roupas para os desabrigados. Os outros R$ 80 milhões ficaram com o Ministério dos Transportes, para tentar contornar o caos de ruas, avenidas e pontes.
Ainda dentro disso, R$ 100 milhões foram para o Rio de Janeiro, onde mais de 600 pessoas morreram e há milhares sem casa e sem rumo, num recorde macabro de calamidades no Brasil.
Ao mesmo tempo, o repórter Bernardo Mello Franco relata na Folha que uma auditoria feita pela CGU (Controladoria-Geral da União) de 2007 a 2010 descobriu desvios que podem chegar a R$ 500 milhões na Funasa, a Fundação Nacional de Saúde (saúde!). Aliás, controlada pelo PMDB desde 2005.
Conforme a CGU, que não é da oposição nem do PIG nem da CIA, o dinheiro sumiu entre sair dos cofres públicos e chegar a convênios irregulares e a repasses sem prestação de contas. Afundou na lama.
Enquanto isso, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) anuncia que vai entrar com ação na Justiça para acabar com a farra da pensão vitalícia dos governadores, que saem dos cargos, mas não desgrudam dos vencimentos -de até R$ 24 milhões por mês.
Então, vamos lá: R$ 780 milhões para a maior catástrofe da história contra R$ 500 milhões para o ralo na sensível área da saúde e mais os "trocados" para ex-governadores não fazerem nada.
A gente soma, diminui, multiplica e divide, mas não chega a resultado nenhum. A conta não fecha.
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