Fogo no paiol – Durante a corrida presidencial, o ucho.info informou que o PT trabalhava com um “plano B” para engessar politicamente o PMDB caso Dilma Rousseff enfrentasse no futuro eventuais problemas de saúde. Desconsiderada por muitos partidos, a reportagem foi encarada por alguns petistas como uma ameaça ao plano, o que levou à covarde retirada do site do ar. Para provar que a nossa projeção estava correta, PT e PMDB protagonizam no momento um pugilato político com grandes chances de render à presidente Dilma sérias dificuldades no Congresso Nacional, em especial na Câmara dos Deputados.
Além de tirar do PMDB os ministérios da Saúde e das Comunicações, o PT está promovendo uma devassa nos principais cargos de ambas as pastas, até então ocupados por peemedebistas. Cumprindo ordens expressas da presidente Dilma Rousseff, os ministros Paulo Bernardo da Silva (Comunicações) e Alexandre Padilha (Saúde) estão empenhados em inviabilizar o acesso do PMDB às empresas vinculadas aos respectivos ministérios. É o caso dos Correios, que já está sob a tutela de Paulo Bernardo, e a Funasa, que por determinação de Alexandre Padilha já passa por uma assepsia política.
Segundo maior partido da Câmara dos Deputados, o PMDB não está recebendo da presidente Dilma Rousseff o tratamento correspondente ao apoio dado durante a campanha presidencial. Enquanto alguns caciques peemedebistas negam a existência de uma crise nos bastidores, no melhor estilo tapas e beijos, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) continua em sua caminhada rumo à presidência da Câmara, Casa legislativa que já esteve sob o seu comando. Integrante da base de apoio ao governo federal, Rebelo é uma séria ameaça ao gaúcho Marco Maia, indicado pelo PT para a presidência da Câmara dos Deputados, mas longe de ter o traquejo necessário para mergulhar em uma disputa ferrenha pelo cargo.
Se decidir apoiar o comunista Aldo Rebelo em seu projeto político, o PMDB poderá ficar com a vice-presidência da Câmara. Para complicar ainda mais o que já está deveras complicado, Rebelo poderá contar com o apoio do PSDB, Democratas, PPS, PTB. Fora isso, o Partido Progressista, que viu o governador baiano Jaques Wagner (PT) emplacar Mário Negromonte (PP) no Ministério das Cidades, é um poço profundo de mágoas.
Até então, a imprensa brasileira vem dedicando ao PMDB o rótulo de fisiologista, mas na verdade é o PT que, no atual cenário, tem abusado do fisiologismo, pois, além de comandar dezessete ministérios, quer avançar sobre as outras pastas, o que na prática viabiliza o aparelhamento das estatais e companhias mistas, mas principalmente garante o controle dos bilionários fundos de previdência dos servidores, como Previ, Petros, Eletros, Real Grandeza, Postalis e outros tantos.
A vitória de Dilma Rousseff nas urnas foi alavancada com a promessa de a então candidata palaciana representar a continuidade da era Lula, mas a capacidade de articulação política da presidente está muito aquém da exibida pelo companheiro Luiz Inácio, mesmo com o escândalo que ficou conhecido como “mensalão do PT”. Em entrevista concedida após desocupar o Palácio do Planalto, Lula disse que seu desejo atual é descansar durante pelo menos vinte dias, mas pelo clima reinante na Esplanada dos Ministérios a sua sucessora o convocará muito antes do esperado.
Se nada mudar, Aldo Rebelo poderá ser para a presidente Dilma Rousseff o que Severino Cavalcanti foi para Luiz Inácio da Silva. Ou seja, um azarão indesejável.
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