Na vida, sofre menos quem raciocina com todas as hipóteses –das mais amplas às mais específicas.
Ao sair de cada, você precisa matutar: Na pior das hipóteses, o Apocalipse chega no fim da tarde.
Na melhor das hipóteses, o mundo não acaba e, à noite, você poderá ver a Paola Oliveira na nova novela.
No caso das surpresas que o Estado reserva ao contribuinte a escolha das hipóteses é limitada. O enredo é mais ou menos invariável.
A melhor das hipóteses é que surgirá um novo escândalo. A pior das hipóteses é que o novo escândalo será pior do que o escândalo anterior.
O repórter Rubens Valente informa que a cúpula do TCU descobriu uma maneira de beliscar a bolsa da Viúva.
Criou-se no tribunal de contas uma verba de “representação do cargo”. Consiste na emissão, à custa da veneranda senhora, de bilhetes aéreos.
Concederam-se cotas de passagens a ministros e a representantes do Ministério Público no tribunal.
Na maioria das vezes, a turma do TCU usufrui da “representação” em viagens aos seus Estados de origem (65% dos casos), nos finais de semana (68%).
Dito de outro modo: criado para fiscalizar as mazelas do Estado, o TCU urdiu uma mamata para si mesmo.
Pense nisso sem pensar no resto. Esqueça a briga do PMDB com o PT pelas cadeiras do segundo escalão. Pense só nisso.
A falta de controle sobre o uso do seu dinheiro já era um escândalo. Com a adesão do TCU à farra, a coisa evolui para o escárnio.
Na melhor hipótese, você verá nos sábios do TCU a coragem típica dos heróis nietzshianos, para os quais a moral convencional é mero desafio à sua convicção de superioridade.
Na pior hiopótese, você enxergará no TCU uma afronta à lógica e aos bons costumes. E perguntará aos seus botões: quem vai auditar as contas do tribunal de contas?
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