Gaddafi, Lula e o Brasil

Em nome da grande amizade entre esses dois irmãos, apelamos ao sr. Lula da Silva que interceda junto ao déspota Muamar Kadafi,  para a retirada de nossos brasileiros da Líbia, sem risco de morte.  Leiam abaixo, o que Lula disse ao seu grande amigo e irmão. Movcc/Gabriela

Ao saudar Gaddafi, Lula disse: "Jamais esqueci os amigos que eram meus amigos quando eu ainda não era presidente". Estava começando a longa série de adulação a déspotas mundo afora.

A deferência de Lula a Gaddafi foi inaceitável, mas poderia ter um uso hoje: um canal de comunicação para facilitar a saída dos brasileiros ilhados na Líbia. Nem isso. Há dias o Itamaraty tenta interceder e não tem sucesso.

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Fernando Rodriguez - Folha de São Paulo
BRASÍLIA - Lula visitou Muammar Gaddafi, em 2003. Fiz a cobertura jornalística dessa viagem presidencial a Trípoli. As bizarrices do ditador já eram conhecidas, mas, vistas de perto, pareciam muito piores.

O líbio recebeu o presidente brasileiro em frente aos escombros de Bab al-Aziziya, o complexo militar cuja imagem serviu ontem de pano de fundo para Gaddafi discursar.

O ditador da Líbia vivia com sua família em Bab al-Aziziya quando o local sofreu um bombardeio dos EUA, em 1986. Hanna, de 15 meses e filha adotiva de Gaddafi, morreu. Tudo foi mantido intacto -inclusive a cama da menina e o sangue das pessoas atingidas pelas bombas.

Depois da exposição do leito de morte da filha, Gaddafi recebeu Lula em uma tenda a poucos metros do local. Estava cercado por dezenas de soldados armados ostensivamente com metralhadoras.

Quase não havia bancas de jornal do país. Nas poucas disponíveis, a publicação mais frequente era o livro verde de Gaddafi, sobre uma tal "Terceira Teoria Universal". Lê-se ali que a "democracia representativa é uma fraude". Os partidos políticos seriam só uma forma de "ditadura contemporânea".

A comitiva brasileira ficou no melhor hotel de Trípoli à época, o Corinthia (era esse mesmo o nome). Por ordem de Gaddafi, os quartos abaixo e acima do de Lula não foram ocupados. Providência útil para proteger. E espionar.

Ao saudar Gaddafi, Lula disse: "Jamais esqueci os amigos que eram meus amigos quando eu ainda não era presidente". Estava começando a longa série de adulação a déspotas mundo afora.
A deferência de Lula a Gaddafi foi inaceitável, mas poderia ter um uso hoje: um canal de comunicação para facilitar a saída dos brasileiros ilhados na Líbia. Nem isso. Há dias o Itamaraty tenta interceder e não tem sucesso. 
No final, o saldo da viagem de Lula a Trípoli foi só a foto do presidente brasileiro ao lado de mais um ditador.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br

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