Este ano foliões da Redinha criaram uma troça para satirizar a gestão pevista. Micarla de Sousa tornou-se definitivamente objeto do deboche popular. É a primeira vez que isto acontece em Natal: um prefeito emprestando o seu nome e o seu mandato à galhofa carnavalesca, um fato histórico que faz da filha de Carlos Alberto uma pioneira da avacalhação funcional. Nem Wilma de Faria com todos os seus malfeitos logrou essa distinção momesca...
O nome da troça, programada para sair na sexta-feira de Carnaval, não podia ser mais pertinente: “Xô Inseto!”, como fruto da repulsa e da indignação de uma crescente e irreprimível onda produzida pelo descontentamento de todos os estamentos sociais. É a reação dos cidadãos ao desmantelamento de Natal por uma borboleta tonta que, por azar, elegemos para um cargo que exige de seus ocupantes mais que retórica e nhenhennhem. Micarla é assim a única unanimidade de que se tem noticias em toda Natal.
Chefe de uma trupe regida pelo arrivismo e o alpinismo social, Micarla revelou-se rapidamente uma mera falastrona sem interlocutores, desde que seus aliados e patrocinadores de sua candidatura lhe deram as costas, temendo comprometer-se com o seu retumbante fracasso de gestão. Não admira que seja chamada de “pau de lata”, “inseto”, “praga verde” (numa alusão ao Partido Verde) e “mulher gafanhoto”...
Ninguém mais dá um dedal de mel coado pelo futuro político de Micarla, apesar de todas as promessas que lhe foram feitas pela presidenta, a quem aliás Micarla acabou prejudicando ao apoiá-la no segundo turno, fazendo-a perder os votos conquistados no primeiro. Sua incompetência e impopularidade se tornaram proverbiais entre os natalenses. Bastou que ela se licenciasse do cargo por alguns dias para que o vice-prefeito assumisse e provasse do que é capaz, fazendo a diferença e deixando evidente para todos quanto falta a Micarla em vontade política, projeto de gestão e credibilidade. E olhem que Paulinho Freire, seu vice, não é esse mel todo não, mas há tanta coisa por fazer que bastou ele passar uma vassourada na casa para que todos notassem que ele faz e ela fala fala fala e não consegue convencer o mais crédulo dos potiguares...
Mais esperto que falastrão, Paulinho mostrou que não lhe falta iniciativa e determinação para agir; ele soube inclusive conquistar a simpatia da mídia, visitando as redações e trocando figurinhas com alguns jornalistas. Sobretudo, seu curto exercício do cargo, mostrou de maneira indiscutível quanto Micarla é irrelevante para os interesses de Natal.
Eis que Micarla samba e sapateia numa impopularidade régia e carnavalizada por um secretariado constituído em grande parte por mambembes e mascateiros do baixo clero da política. Sem noção do tamanho da responsabilidade que lhe cabe nesse desconserto, Micarla borboleteia sobre os problemas da cidade e não tem solução para nada. Problemas, alguns de fácil solução se enfrentados de imediato, são postergados ou agravados pela falta de bom senso e pela índole hesitante da prefeita que promete uma arroba e repassa metade de 300 gramas.
Agora, que me lembre, o caso da Funcarte é exemplar dessa inércia e da falta de discernimento que caracteriza a prefeita, quando tudo leva a crer que ela está trocando seis por meia dúzia, ou seja, substituindo seu chapinha Rodrigues Neto por problemas futuros, pois é evidente que Roberto Lima é compositor de uma nota só e logo vai dar com os burros nágua... Falta de opção? Não creio. Açodamento, falta de bom senso e desconhecimento da realidade cultural da cidade por alguém que vive de borboletear sem deter-se na solução dos problemas que avassalam a gestão pevista. Não falo dos postos de saúde, já criticados até pelo ministro em visita a UPA de Pajuçara, que tomou conhecimento apenas de parte do desmazelo de Micarla e voltou a Brasília sem saber que em toda Natal há apenas um posto habilitado a fazer carteiras do SUS, pois os demais estão sem internet... A educação é outro problema. Agora mesmo a Justiça considerou legal a
greve dos professores...Sem falarmos na fama decaloteira que acompanha esta gestão que em pouco mais de dois anos arrasou o município e resgatou a má fama de outros gestores que foram nefastos para a cidade.
Não há em nenhuma parte, na circunscrição de Natal, uma alma que dê bons conselhos a Micarla e lhe afague a cabecinha tonta, a não ser naturalmente os clientes e puxa-sacos profissionais, enfim, os áulicos e os que recebem muito ou pouco para ser amáveis. O fato é que a prefeita está perdida e sozinha no deserto da política que se faz a retalhos.
A troça “Xô Inseto!” surgiu do descontentamento - assim como as comunidades virtuais “A pior prefeita do planeta” e “Os buracos de Natal”, que espelham a decepção da sociedade ao mostrar-nos que o natalense está saindo da sua costumeira apatia para formar no cordão daqueles que chegaram ao limite da paciência. Não admira que a impopularidade de Micarla chegue a 77%, conforme as pesquisas.
Enclausurada pelo repúdio popular, já não tem clima para aparecer em público. Por isso teria evitado, na última quinta-feira, fazer a tradicional entrega das chaves da cidade ao Rei Momo e a Rainha do Carnaval durante o Baile de Máscaras realizado no Largo do Atheneu.
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