População sai às ruas comemorando a formação de uma coalizão entre EUA, França, Reino Unido, Canadá e Itália para lutar contra o ditador líbio, Muamar
Rebeldes líbios criticam governo brasileiro por abstenção no Conselho de Segurança
Lourival Sant'Anna - O Estado de S.Paulo
BENGHAZI - O comboio leal ao ditador Muamar Kadafi, que se dirigia para Benghazi quando foi destruído pelos caças-bombardeiros franceses na noite de sábado, estendia-se por uma faixa de 30 quilômetros na saída oeste da "capital rebelde". Os benghazis visitam agora esse cemitério de veículos militares e têm certeza daquilo que os esperava naquela noite: seriam trucidados.
"Veja o presente que Kadafi trazia para Benghazi", brinca Najib Shekey, engenheiro eletricista de 30 anos. Sua sensação é a de que todos os habitantes da cidade foram salvos pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Quando ficam sabendo que o repórter é brasileiro, muitos balançam a cabeça em sinal de desaprovação e perguntam por que o Brasil se absteve na votação do Conselho de Segurança da ONU que autorizou a zona de exclusão aérea.
Os líbios são fanáticos por futebol e, por isso, têm - ou tinham - apreço pelo Brasil. Agora, tentam entender por que esse apreço, na sua interpretação, não é retribuído. "O governo brasileiro apoia Kadafi", constata Shekey. "Deve ser por causa de dinheiro. Talvez vocês tenham medo de que seus investimentos sejam prejudicados."
Mohamed Sherif, de 50 anos, prefere lembrar que há uma diferença entre o governo e o povo de um determinado país . "O governo brasileiro é mau, mas o povo é bom."
Abdul Fatah, professor de geografia de 32 anos, tira lições parecidas da votação no Conselho de Segurança da ONU. "China, Rússia, Brasil, Alemanha e Índia são maus", afirma ele, enumerando os cinco países que se abstiveram na votação, que não teve votos contra. "Inglaterra e EUA são bons. E Sarkozy é o número 1."
França e Inglaterra protagonizaram a preparação do esboço da resolução e pressionaram por sua aprovação no Conselho de Segurança da ONU, na quinta-feira. Dois dias depois, Paris foi anfitriã de uma reunião que mobilizou países árabes e ocidentais para acertar os últimos detalhes da intervenção militar na Líbia.
O dentista Mortala Bujazi, de 27 anos, tem uma explicação mais elaborada. "Brasil e Índia não entendem o que acontece aqui. Vocês estão confusos, acham que a oposição pegou em armas para lutar contra o governo. Não é isso", diz. "Todos os líbios rejeitam Kadafi. A luta é entre o povo líbio e a família de Kadafi."
Zona de exclusão aérea
O estudante de engenharia Monir Kraimesh, de 23 anos, que mora na parte sudoeste de Benghazi, conta que viu as forças leais ao coronel Kadafi aproximando-se da cidade. "Achei que destruiriam tudo, que todos nós morreríamos."
Kraimesh e todos os habitantes da região de Benghazi com quem o Estado conversou acreditam que a zona de exclusão aérea seja muito importante para evitar o avanço das tropas leais a Kadafi. Para livrar-se dele, entretanto, os opositores precisarão de mais apoio da comunidade internacional. "Somos mais de 6 milhões. Eles são apenas uns 10 mil. O que eles têm são armas pesadas", afirma Mohamed Abdullah, um engenheiro de 36 anos.
Caça a Kadafi
Ontem, moradores de Jarrotha, vilarejo a 30 quilômetros de Benghazi, onde os veículos foram destruídos por um míssil, colocaram a cabeça de uma cabra na grade do motor do caminhão. "Se nos derem armas, arrancaremos a cabeça de Kadafi, como a dessa cabra", garantiu Abdullah.
2 comentários:
O cara que falou que o Brasil é mau e o povo bom, tá errado.
Uma pequena parcela do povo é bom, quem colocou a guerrilheira no poder é $#%
eles não sabem que uma parcela da população que votou na terrorista adoram uma ditadura? os esquerdeopatas não iriam contra seus principios idiotas imbecic e juriassico. são socialistas nalditos.
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