“Não [se] entra na casa das pessoas para ver se tem dengue? Tem que ter uma maneira de entrar na casa das pessoas para desarmar a população”.

Quando terminei de ler essa matéria, senti uma enorme vontade de comprar uma arma e aprender atirar, motivada pelo sentimento de defender meu patrimônio e minha família. Quem manda na minha casa somos nós, os familiares. Tenho medo de homens que se acham maiores que as leis. O povo deve temer o Estado que age como estivesse entrado na sua sala de estar, e sentado no sofá. Movcc/Gabriela

Pasmem: 'Acho que a questão do desarmamento tem que ser resultado de ato de Império do Estado. O Estado tem que decidir através de uma legislação austera. Não tem plebiscito nenhum, não tem que perguntar se o povo quer se armar, tem que desarmar o povo com legalidade', afirmou Fux, após fazer palestra na Academia Brasileira de Filosofia. Aqui

Um ministro do Supremo, as armas, a Internet e o aborto: tudo errado!

O ministro Luiz Fux, mais novo membro do Supremo Tribunal federal, surpreende. Às vezes, para o bem; às vezes, para o mal. E isso é mau! Um ocupante dessa corte - e só há 11 pessoas lá - não poderia surpreender nunca! A razão é simples: a lei é o oposto da surpresa; é o avesso da exceção; é, em suma, a regra. Como costumo dizer, só conseguimos colocar o nariz fora da porta porque há direitos assegurados e a expectativa de seu cumprimento. E há uma aposta em que a transgressão acarretará punições ao infrator. Do outro, e o mesmo vale para ele em relação a nós, não queremos saber se gosta ou não do que está escrito. Basta que cumpra os dispositivos legais. Sigamos.

Se um ministro do Supremo começa a dizer coisas ambíguas, é o mundo do direito quee obscurece. Fux concedeu na quinta uma entrevista a Débora Santos, do Portal G1. Eu já deveria tê-la comentado aqui, mas não o fiz. A questão, no entanto, é demasiado importante para que fique sem algumas considerações. O ministro se disse favorável ao desarmamento - até aí, tudo bem; ele tem direito a uma opinião, como qualquer cidadão, mesmo não sendo um cidadão qualquer… Mas afirmou uma coisa muito estranha, segundo, ao menos, a transcrição publicada. Para ele, é desnecessário fazer um novo referendo. O país precisaria é de uma lei de recolhimento de armas. E então vêm as aspas bastante preocupantes:
“Não [se] entra na casa das pessoas para ver se tem dengue? Tem que ter uma maneira de entrar na casa das pessoas para desarmar a população”.

Epa!!! Como é que é?
Pensar por analogia, por comparação, é sempre um procedimento arriscado. Podemos entender por que tangerinas são facilmente associadas a laranjas. São dois cítricos. Se for a uma banana, já é preciso recorrer a uma categoria mais ampla: é tudo fruto. Agrupar tangerina e presunto já requer área maior: ambos são alimentos. Sob certo sentido, pode-se dizer que não há uma diferença essencial entre tangerina e cocô: é tudo matéria orgânica. Quanto mais se amplia o campo, mais arbitrária se torna a analogia. Aplicado o método ao campo do direito, chega-se facilmente ao arbítrio propriamente. Julgar, parece-me, consiste em entender a natureza particular de um caso segundo os princípios estabelecidos nos códigos.

Mesmo assim, disponho-me a pensar sobre o que diz o ministro. Se não quero deixar que alguém entre em minha casa para caçar larvas de dengue, ninguém entrará, a menos que tenha um mandado judicial. Como juiz não é um tirano, ele tem de ter uma razão - ancorada num texto legal - para conceder essa ordem: ameaça à saúde pública, à ordem pública, sei lá… E precisa de indícios, ao menos, de que isso está em curso. Numa área infestada pelo mosquito da dengue, a chance de que haja larvas na casa em questão é grande. Pois bem…

No caso da arma, ministro, como se faria? Seriam revistadas as casas de todos os brasileiros para saber se têm ou não armas? Milhões de mandados judiciais serão expedidos sem nem indício manifesto, partindo do pressuposto de que existe um arsenal escondido?

O curioso é que Fux se diz incompreendido - e afirmou que ficou algo abalado - com a reação a seu voto - CORRETÍSSIMO - no caso do Ficha Limpa. No julgamento em questão, votava-se a lei, aprovada menos de um ano antes do pleito de 2010, poderia ou não valer para aquela eleição. É claro que não! Bastava ler o Artigo 16 da Constituição. A entrada forçada nas casas ou mesmo mandados judiciais expedidos sem causa manifesta violariam quantos dispositivos Constitucionais?

O ministro fez aquela afirmação quando a repórter lembrou que a maioria dos brasileiros foi contra a proibição da venda legal de armas. Leiam a resposta inteira:
É um exemplo de defesa do povo contra o povo. Eu acho que o povo votou errado. Para que serve você se armar? Quando você se arma, pressupõe que se vive num ambiente beligerante. Muito melhor é uma sociedade solidária, harmônica. Eu acho que os políticos têm que avaliar o clima de insegurança do país. E já há o Estatuto do Desarmamento. Tem que fazer valer a lei, implementar políticas públicas no afã de desarmar a população. Não tem que consultar mais nada. O Brasil é um país que tem uma violência manifesta. Tem que aplicar essa lei e ter política pública de recolhimento de armas. Não [se] entra na casa das pessoas para ver se tem dengue? Tem que ter uma maneira de entrar na casa das pessoas para desarmar a população.

Eu posso dizer que o povo votou errado, ele não pode! Notem que Fux acredita que é preciso defender o povo de si mesmo. Concordo! Se ele quiser um golpe de estado, por exemplo, deve ser contido. Se quiser linchar pessoas, idem. Mas não foi esse o caso, certo?

Fux acha que “muito melhor é uma sociedade solidária, harmônica”! Nem me diga! Por mim, viveríamos todos como anjos. Quem, afinal de contas, não quer o bem? Eu só espero contar com o apoio do ministro para que esse “bem” seja conquistado nos limites do que permite a Constituição do Brasil, não é? Aquela mesma que ele não quis violar no julgamento do Ficha Limpa. Aliás, ministro, a maioria dos brasileiros é ficha-limpa! O Estado não consegue é dar conta dos fichas-sujas!

“Ah, mas não exagere! O ministro não está dizendo nada disso!” Então volto ao começo. Embora ele tenha direito à opinião, como qualquer homem, ele não é um homem qualquer. Fosse um advogado de esquina, eu não estaria dando a menor pelota pra ele. Sendo quem é, sua fala pode influenciar muita gente. Eu sou contra a aplicação de uma lei de silêncio a magistrados - desde que não fiquem especulando sobre os autos. Mas acho que eles têm de tomar especial cuidado com essas falas frouxas, elásticas, lassas, que podem servir a qualquer propósito. Ademais, e por isso as analogias são ruins, uma larva da dengue é necessariamente, inescapavelmente, uma ameaça. Não é o caso da arma, ministro, porque, sozinha, ela não mata ninguém. Os que matam e não matam são indivíduos, dotados de deveres e direitos - inclusive o direito à autodefesa. Mais se diga: invadir a casa de um homem de bem para ver se há lá uma arma é coisa que qualquer covarde faz. Eu quero ver é desarmar a bandidagem que faz 50 mil vítimas por ano no país.

Internet
O ministro não se saiu melhor tratando da Internet. Comentando a tragédia de Realengo, afirmou:
“Nos Estados Unidos, tem o monitoramento de pessoas potencialmente perigosas. Hoje, com esse acesso à internet, a esses sites de redes terroristas, pessoas desequilibradas têm acesso a informações que exacerbam seu desequilíbrio. Olha essas fitas que antecederam a essa tragédia, onde esse sujeito gravou isso? É um sujeito que não podia estar solto nunca. Tinha que ter uma medida restritiva de liberdade. Será que ninguém viu isso? Por que não acharam antes isso? Esse homem não tinha um pendor para aquilo? Será que ninguém teve oportunidade de denunciar isso? É um problema que interessa à família e ao Estado também. A causa disso é o acesso que esse rapaz teve a essas redes internacionais que alimentam uma série de psicopatias. Nessa rede mundial de computadores, você tem acesso a tudo. A polícia tinha que ter, por exemplo, uma comunicação de que um sujeito acessou o site da Al Qaeda. Esse sujeito tem alguma coisa. Agora, o leite está derramado.”

Péssima resposta! Terrível! Há de haver uma razão para o monitoramento. Não pode o estado, por vontade olímpica, decidir quais sites serão ou vigiados. Sob o pretexto de se investigar as páginas de extremistas, quantas outras entrarão na lista negra? Os terroristas, os tarados e os pedófilos determinarão agora quais são as garantias dos que não são terroristas, tarados e pedófilos? Não! A Internet não fez a doença daquele rapaz! Ele já era doente! Quem teria feito a doença de Chico Picadinho? A televisão?

Aborto
Fux estava num dia infelicíssimo. Comentando o caso de aborto de fetos anencéfalos - vai ser aprovado de goleada, leitores -, afirmou:
“(…) eu li um artigo e até guardei. Essa escritora usou uma expressão forte: será que uma mãe é obrigada a ficar realizando o funeral do seu filho durante nove meses? Eu acho que isso deveria ser uma questão plebiscitária feminina. As mulheres tinham que decidir. É um consectário [resultado] do estado democrático de direito. Não podemos julgar à luz da religião, porque o estado é laico.”

Heeeinnn? Vênia máxima, trata-se, então, de uma opinião favorável è legalização do aborto incrustada da defesa do aborto de anencéfalos. Ora, se esse feto é uma “questão feminina”, o saudável também é. Logo, entende-se que o plebiscito sobre o aborto deveria ser votado apenas pelas mulheres. Parece uma questão óbvia, mas não é. E pode ter conseqüências terríveis.

Se o que está no corpo da mulher lhe pertence, seja um tumor ou um feto, ele lhe pertence na primeira semana de gestação ou na 37ª, certo? Logo, por uma questão puramente lógica, enquanto não se diz que um bebê é nascido, então ele é “coisa”. Sim, eu sou católico. Tenho o direito de sê-lo e de argumentar como tal. Mas não o exerço agora. Estou apenas empregando a lógica. Eu duvido que Fux defendesse o aborto de um feto no nono mês de gestação. Mas o seu argumento defende.

Ademais, ministro, cuidado com escritores e suas metáforas, nem sempre muito felizes.

Não! Eu acredito que a vida humana, em qualquer dos seus estágios, diz respeito aos humanos, homens e mulheres. Acho que essa é uma idéia que nos protege. As abortistas, por feministas, tivessem realmente respeito às mulheres, substituiriam a afirmação histérica da identidade por um movimento mundial contra o aborto de meninas na China. Tenham vergonha, minhas senhoras! Fazem-se milhões de sucções e curetagens por ano naquele país apenas porque há no útero uma… mulher!

Lamento, ministro Fux, isso me ofende como humano, como homem e como pai, se o senhor me der licença! E me ofende também como católico. Mas, como diz o senhor, o estado é laico. Mas não é ateu, graças a Deus!

7 comentários:

Anônimo disse...

o fux, vai entrar na casa de traficantes e bandidões tirar suas armas, vai machão. é facíl entrar na casa do cidadão de bem né. agora cá entre nós, na era da mediocridade patriocinada pelo pt, esse stf parace a casa da mãe joana, aparelhado que é só tem ministro incopetente, tem um que tentou por 2 x tentar ser juiz de primeira instãncia e não passou nos exames, mas como era advogado do pt, foi nomeado pelo velhaco cachaceiro.

Anônimo disse...

Eu já tomei a minha decisão pq tenho que começar a fazer a minha parte,não me interessa nenhum um pouco a petezada ou o raio que os parta. Há 8 longos anos que eu venho lendo as mesmas coisas e enquanto isso nossas crianças continuam morrendo por inanição,bala perdi , arrastadas pelas ruas ( O menino João Hélio).e agora por balas achadas e endereçadas pras cabeças dos inocentes. O nosso movimento é apartidário e contra a violência e todos serão bem vindos independentemente de ideologia política e credo religioso desde que venha em Paz. Dane-se ideologia,fanatismo,ilusionismo e utopia. DESARMAMENTO ONTEM, hOJE,AMANHÃ E SEMPRE.

Anônimo disse...

Defensor da indicação de Luiz Fux, o presidente da Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro (Amaerj), Antônio Siqueira, diz que o STF "estava mesmo precisando" de mais um juiz de carreira em sua composição.


"É uma carreira que permite conhecer bem o dia a dia da magistratura e suas dificuldades", diz o desembargador, lembrando que, da atual formação do STF, apenas o ministro Cezar Peluso é juiz de carreira.


Ainda na avaliação de Siqueira, Fux pode ser considerado um juiz de perfil "equilibrado".


"Ao mesmo tempo em que é extremamente técnico, de uma competência renomada, ele também tem uma sensibilidade social apurada, graças a sua experiência nas diversas instâncias do Judiciário, inclusive em cidades do interior", diz.


Antes de chegar ao STJ, cargo que ocupa desde 2001 por indicação do então presidente Fernando Henrique Cardoso, Fux atuou como promotor do Ministério Público e como juiz do Tribunal de Justiça do Rio. Nas duas ocasiões, passou no concurso em 1º lugar.

Marcos disse...

Quando for notado o tamanho do erro que é o DESARMAMENTO já será tarde e uma geração inteira terá que lutar para reconquistar a democracia e as liberdades individuais.
A funçao da polícia é a de prender, nao a de proteger o cidadão honesto. Quem protege o cidadão honesto é sua .357, enquanto a polícia não chega para prender o meliante.
Com objetivos golpistas/ditatoriais as armas são restritas no brasil desde a primeira era Vargas… Os brasileiros já não sabem o que é ter armas a um bom tempo… Mas o cerco vêm sendo apertado cada vez mais, contra a vontade do povo, a qual foi inequivocadamente expressa no referendo…
Precisamos da revogação imediata do estatuto do desarmamento!

Gabriel disse...

Isso que eu não consigo entender. Na casa de um pai de família, responsável, trabalhador e pagador de impostos, é muito fácil fazer essa balela que ele está falando. Pois não reagirão a essa violação por serem corretos.
Agora quero ver entrar na casa de bandido, vão tomar tiro de tudo que é lado...
Esses sangue-sugas do estado, preocupam-se só com as armas legais que estão nas mãos de pessoas de bem.
Cadê o controle do contrabando de armas ilegais? Ou melhor, de quem está usando essas armas ilegais para o mal?
Vamos perguntar isso para eles.

Anônimo disse...

Quero ver se tem homem para entrar na maloca da favela onde manda o tráfico.Em casa de família o superministro manda entrar, o que qualquer covarde pode fazer,quero ver é se é macho para mandar entrar no covil do bandido.Sem ordem judicial, quero ver o louco que tentará entrar à força em minha residência.Podem vir, mas tragam o rabecão junto.

Anônimo disse...

Quero ver se tem homem para entrar na maloca da favela onde manda o tráfico.Em casa de família o superministro manda entrar, o que qualquer covarde pode fazer,quero ver é se é macho para mandar entrar no covil do bandido.Sem ordem judicial, quero ver o louco que tentará entrar à força em minha residência.Podem vir, mas tragam o rabecão junto.