Numa das comunicações em poder de Reyes, Manaus é recomendada por um outro representante do alto clero da guerrilha, Rodrigo Granda, como uma rota segura para a movimentação de pessoal usando o território brasileiro.
LONDRES - O apoio do regime de Hugo Chávez às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) incluiu o uso do aparato diplomático e imigratório venezuelano para facilitar o trânsito de guerrilheiros no país e no exterior, segundo o farto material analisado para um dossiê publicado na terça-feira pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), de Londres.
De acordo com o livro, pelo menos 2.500 documentos foram expedidos entre 1999 e 2002, nos primeiro anos do governo Hugo Chávez.
A emissão em massa de carteiras de identidade venezuelanas frias para integrantes da guerrilha e o esquema de vistos, que incluiu a participação do consulado do país em Manaus para a emissão, vem à tona no "Dossiê das Farc: os arquivos secretos de Venezuela, Equador e Raúl Reyes", escrito com base em dados encontrados no computador do guerrilheiro morto.
Entre outros pontos, os emails do homem que foi o número 2 das Farc revelam que Rodrigo Granda, porta-voz da guerrilha, teria chegado a ser detido brevemente no aeroporto de São Paulo, onde se identificou como comerciante de ouro. E como alguns guerrilheiros identificaram uma rota segura de entrada na Venezuela, passando pelo norte do Brasil.
Numa das comunicações em poder de Reyes, Manaus é recomendada por um outro representante do alto clero da guerrilha, Rodrigo Granda, como uma rota segura para a movimentação de pessoal usando o território brasileiro.
De acordo com os emails trocados por ambos, pelo menos dois guerrilheiros fizeram esse percurso em 2003, contando com a cumplicidade do então cônsul venezuelano, Manuel José Montañés Lanza, quem forneceu o visto.
Outro ponto de apoio teria sido a Embaixada da Venezuela em Cuba, que em 2002, teria facilitado a entrada de até três guerrilheiros. Um deles, Ovidio Salinas, era procurado pela Interpol e, segundo os documentos, contava com um passaporte venezuelano falso.
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