No Brasil de Lula e Dilma, ser promovido a pobre é pior que continuar miserável

Dê um close na postura. É de lascar! São Jecas, é claro, porém, cheios da grana.Movcc/Gabriela


Por Augusto Nunes - Veja Online
O Brasil Maravilha inventou a mobilidade social sem movimento, prodígio que permite a qualquer pobre subir na vida sem que o salário suba. Em 2009, por exemplo, milhões de famílias com renda mensal acima de R$1.126 foram transferidas para a classe média sem que vissem a cor de um único centavo a mais. O milagre, operado por alquimistas da Fundação Getúlio Vargas, consumou-se com a mera mudança da quantia que separa os dois mundos. A classe média continuou do mesmo tamanho, só que engordada pela multidão de pobres. Ficou tudo igual, mas diferente.

O assombro acaba de ser reprisado pela demarcação da fronteira onde termina a pobreza extrema e começa a pobreza sem radicalismo. Nesta semana, Dilma Rousseff revogou de vez a promessa da candidata e decidiu que o universo da miséria está reservado não a quem ganha menos que um quarto do salário mínimo (R$ 136,25, neste outono), mas aos que seguem respirando com menos de R$ 70 por mês. Deixaram de ser oficialmente miseráveis, portanto, 3 milhões de brasileiros.

A partir de agora, alguém que sobrevive com R$ 71 pode permitir-se um olhar superior ao topar com o vizinho estacionado um real abaixo. Em compensação, o miserável de carteirinha, será socorrido pelo Programa Nacional de Erradicação da Pobreza Extrema e terá mais chances de chegar ao fim do mês. O brasileiro dos R$ 71 não demorará a descobrir que sairá ganhando se doar ao PT R$ 1 por mês e reivindicar uma vaga no programa. No Brasil de Lula e Dilma, ser promovido a pobre é pior que continuar miserável.

Em outros tempos, já estaria em gestação alguma medida provisória estabelecendo que, com exceção dos muito ricos, todos os brasileiros são integrantes da novíssima classe média. Desta vez não será tão fácil prorrogar o engodo. Os preços continuam subindo, e curvas inflacionárias não obedecem a discurseiras de mitômanos e fantasias ufanistas. A inflação é o Waterloo dos embusteiros.

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