Fiquei com pena do Cacciola.

Pobre Cacciola!  No Brasil um sujeito que quebra um banco, seu próprio banco,  vai preso, porque pediu socorro a quem de direito.  Outros ligados ao regime atual saem ricos e cheirando a  atar de rosas.

Ralph J. Hofmann - Prosa e Política
Entre a Lei 12.249 de 2010 e a Medida Provisória 517 cinco banqueiros transformam dívidas de 43 bilhões de reais em um lucro que não é inexpressivo.

Não interessa analisar o conteúdo da lei e da MP. Interessa saber que um dos patrocinadores da MP é o Senador Romero Jucá, sobre cuja probidade não precisamos nos estender. A lei citada dava um desconto de 45% a esses devedores. A MP sobrevaloriza seus ativos com o que podem pagar o saldo devedor e ainda sair com dinheiro no bolso.

Não é possível justificar estas operações senão do ponto de vista de que a estrutura de apoio político destes Banqueiros é muito possante. É um perdão de dívida político. É uma proteção contra processos movido por interesses de políticos.

Por outro lado há um detento em Bangu, que já serviu 3 anos de uma pena de 13 anos que com muita dificuldade está conseguindo uma progressão de pena. Deve 1,5 bilhão de reais ao governo, segundo a interpretação do próprio governo. No auge a sua dívida seria de 3 bilhões de reais. Chama-se Salvatore Cacciola.

O fato de Cacciola ter ou não cometido um crime sempre foi discutível. Ele alega ter abertamente pedido socorro ao Banco Central numa situação em que uma medida de governo teria alterado todas as condições do jogo. O Banco Central concordou em socorrê-lo “para bem do mercado”, e havia argumentos para tanto.

Cacciola e outros foram acusados de crimes. Cacciola refugiou-se no seu país de nascença a Itália. Por uma convenção internacional acusados de crimes sem sangue não são extraditados de seu país natal. Infelizmente para Cacciola foi visto em Mônaco reconhecido e preso pela Interpol. O processo de extradição para o Brasil foi modelar, e houve dúvidas por parte do judiciário monegasco pois havia certo ranço de perseguição política no pedido e a questão de se ocorrera ou não um crime era realmente discutível. .
 
Pelo sim, pelo não, nessa ocasião Lula tinha toda a empatia da Europa e o próprio Príncipe Albert II autorizou a entrega de Cacciola, que foi julgado e passou a cumprir pena.

Cacciola quando muito deve 5% do que os banqueiro ora agraciados com manipulações de valores devem. No auge devia uns 10% disto. O refresco dado aos banqueiros é um refresco alimentado a lobby político. Isto imediatamente transforma Cacciola numa vítima de ter estado ligado aos contatos políticos errados. Não o inocenta, mas levanta dúvidas sobre os reais motivos ao se optar por considerar que os operadores do Banco Central e Cacciola estariam envolvidos em ações fraudulentas. Havia demasiadas áreas cinzentas para uma definição clara. Não se tem sequer notícias de que Cacciola tenha saído do Brasil para Itália com uma fortuna. Ao contrário, no seu país de origem ele passou a trabalhar em administração hoteleira para terceiros. Que bandido é este que de 3 bilhões não leva ao menos uns milhões para manter um status de homem rico?

Pobre Cacciola! No Brasil um sujeito que quebra um banco, seu próprio banco, vai preso, porque pediu socorro a quem de direito. Outros ligados ao regime atual saem ricos e cheirando a atar de rosas.

Já um assassino italiano, Battisti, ganha o direito de sair às ruas, para provavelmente engravidar uma brasileira e se garantir mais ainda o direito de aqui viver como mais um bandido solto nas ruas. Provavelmente até com porte de armas pois se dirá vulnerável a ser seqüestrado ou morto por vingadores. E mais. Insulto dos insultos. Quer morar numa das maiores cidades italianas fora da Itália onde certamente será hostilizado. Será que o governo vai proporcionar-lhe guarda-costas às nossas custas?
Fiquei com pena do Cacciola.

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