Diretor do Dnit diz que presidente conheceria eventuais irregularidades

Planalto teria dado prazo para revisão de contratos suspeitos; Presidência não quis comentar declarações

ANDREZA MATAIS e MARIA CLARA CABRAL - Folha de São Paulo
O diretor afastado do Dnit, Luiz Antonio Pagot, afirmou ontem na Câmara ter "convicção absoluta" de que a presidente Dilma Rousseff "sabia de tudo" que acontecia no Ministério dos Transportes, inclusive de eventuais irregularidades.

O Planalto não quis comentar as declarações.

Segundo Pagot, até 2009, como chefe da Casa Civil, Dilma coordenou reuniões do PAC 1 (Programa de Aceleração do Crescimento) sobre rodovias, muitas sob suspeita de fraude. Depois, continuou a receber relatórios.

"Até outubro de 2009, tenho convicção absoluta que ela sabia de tudo o que estava acontecendo", disse.

Pagot afirmou que a primeira reunião sobre as rodovias do PAC 2 foi em 24 de junho, quando Dilma "tomou um susto" ao verificar aumento de preços nas obras.

A presidente teria dado prazo para a reavaliação dos contratos, mas decidiu demitir a cúpula dos Transportes antes da data marcada.

"Ela tomou um susto. (...) Falou que precisava mudar isso, fazer alterações e nos deu prazo até 15 de julho."

No dia 2, Dilma afastou Pagot e outros três dirigentes da pasta depois de a revista "Veja" noticiar a reunião.

Ontem, Pagot disse ainda que a ministra Miriam Belchior (Planejamento), secretária-executiva do PAC no governo Lula, acompanhou as obras do Dnit quando Dilma estava afastada.

Após o depoimento, Pagot foi questionado se Dilma, por acompanhar tudo até 2009, também saberia se houvesse irregularidades nas obras do Dnit. "É claro", respondeu.

Segundo o dirigente, quem faz a "gestão de um programa como este (...), colocando as obras para frente, quer saber quais são as irregularidades". "E o tempo todo as irregularidades vão sendo corrigidas", disse.

Em depoimento de oito horas de duração, o diretor do Dnit repetiu estar em férias. e não afastado por ordem de Dilma, como informou a Presidência semana passada.

"O Planalto, se quisesse, deveria ter me demitido", afirmou ele, que fez apelo para ficar no cargo. "Sou um leal companheiro."

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