Lula sai em defesa de ministro e tenta convencer Dilma a não demitir Jobim

Por Jorge Bastos Moreno - O Globo (moreno@bsb.oglobo.com.br)
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff ainda não engoliu a recente declaração do ministro da Defesa , Nelson Jobim, e estava inclinada a demiti-lo. Esta semana, Jobim deu entrevista assumindo publicamente ter votado, nas eleições presidenciais do ano passado, no adversário da petista, o tucano José Serra. Alguns ministros e até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentam demover a presidente da ideia.

Nesta sexta-feira à noite, Dilma e Lula jantariam em Brasília. O assunto indigesto seria levado para a mesa. Neste sábado, a presidente terá uma conversa particular com Jobim no Rio, depois da solenidade de sorteio das chaves para a Copa de 2014.

Em evento no Rio nesta sexta-feira, Lula saiu em defesa de Jobim e tentou minimizar o assunto.
- Nunca me preocupei em perguntar aos meus amigos em quem votam. Voto é uma coisa sagrada, é secreto, e cada pessoa vota em quem quer. Jobim não foi convidado para o meu governo por causa do voto dele. Foi convidado para o meu governo pelo que poderia fazer no Ministério da Defesa. Um homem da qualidade do Jobim, da competência do Jobim, é o único que vi em condições de construir um Ministério da Defesa, de aprovar o plano estratégico da Defesa, e acho que isso foi feito - disse Lula.

- Está cheio de gente que votou no Serra e gosta de mim hoje. Pode ter gente que votou em mim e gosta do Serra... A gente não pode fazer política achando que quem não votou na gente é pior do que quem votou.

Novas declarações de Jobim podem determinar sua saída
Na segunda-feira, o ministro da Defesa participa de um programa de entrevista na TV. Um auxiliar de Dilma admitiu que ela estava muito irritada e que novas declarações de Jobim sobre o tema podem levar a presidente a tornar oficial o que era ainda apenas um desejo.

Esta semana, em entrevista para o site da "Folha de S. Paulo", Jobim admitiu que não votou em Dilma nem participou de sua campanha. Ficou afastado. Disse que, numa reunião da coordenação política, ainda no governo Lula, tocou no assunto. Alegou que não poderia gravar mensagem de apoio à candidatura de Dilma por ser amigo de Serra. Por ser ministro do governo petista, também estava impedido de fazer campanha para o tucano. Lula, segundo Jobim, teria concordado em não o envolver na campanha presidencial.

Os petistas não gostaram. O secretário de comunicação do partido, André Vargas (PR), vem criticando Jobim no Twitter. Outros fizeram coro.

Dilma acha que Jobim está reiteradamente desafiando a sua autoridade de presidente.
- E isso eu não admito - teria dito ela.

Oficialmente, o Planalto sustenta que a saída de Jobim não está em discussão. O vice-presidente Michel Temer também diz que não é caso para tanto. Segundo um amigo, Dilma poderá superar o episódio se Jobim tiver a modéstia de procurá-la para pedir desculpas.
- Ela pode se derreter. A raiva dela passa logo - comentou esse amigo.

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