Guarda nacional de Kadafi teria se rendido aos rebeldes em ataque coordenado com a Otan
O Globo, com agências internacionais
TRÍPOLI - A TV Al Arabiya informou que a guarda presidencial de Kadafi se rendeu aos rebeldes, segundo informações do Conselho Nacional de Transição dos Rebeldes. O filho de Kadafi Saif Al-Islam, foi capturado, segundo informações do líder do Conselho Nacional de Transição à rede Al Jazeera.
- Confirmamos informação que capturamos Saif Al-Islam, e a ordem é que ele seja bem tratado para que possa enfrentar julgamento - disse Mustafá Abd El Jalil, líder rebelde do Conselho Nacional de Transição.
O porta-voz do governo líbio Moussa Ibrahim em pronunciamento na televisão pede à Otan que cesse os ataques para que negociações possam ser conduzidas. Muamar Kadafi estaria se preparando com negociar diretamente com o líder do Conselho Rebelde Nacional de Transição. O líder dos rebeldes disse à rede Al Arabya que está pronto para cessar a luta se Kadafi anunciar a sua saída.
Em entrevista à Rede CNN, a porta-voz da Otan Oana Lungescu disse que será melhor para todos se Muamar Kadafi se coscientizar de que não pode vencer esta guerra.
Enquanto isso rebeldes que avançam na capital, Trípoli, chegaram à Praça Verde, considerado o último bastião das forças de Muamar Kadafi.
Rebeldes líbios tomaram neste domingo a maior base militar que defende as forças do ditador Muamar Kadafi, nos arredores de Trípoli, informa a Associeted Press (AP). Um repórter da agência de notícias está com os rebeldes e viu a tomada da base de Khamis Brigade, a oeste da capital, neste domingo. A 32ª brigada, conhecida como Khamis Brigade, é chamada assim porque é comandada por Khamis - filho de Kadafi, que tem 27 anos - e é uma das mais bem treinadas e equipadas unidades do Exército Líbio. Os rebeldes estão levando grandes quantidades de armas (incluindo granadas e morteiros) da base e caminhões de suprimentos.
FOTOS: Veja fotos da marcha dos rebeldes até Trípoli
Depois de um rápido tiroteio, as forças de Kadafi captularam. Dentro da base, centenas de rebeldes comemoraram e dançaram e tiraram a bandeira vermelha de cima do portão da base. Ahmed al-Ajdal, de 27 anos, um dos rebeldes de Tripoli, encheu um caminhão com munição:
- Essa é a riqueza do povo líbio que ele (Kadafi) estava usando contra nós. Agora nós vamos usá-la contra ele e qualquer outro ditador que vá contra o povo líbio - disse Ahmed al-Ajdal.
- É um sentimento incrível. Por todos esses anos nós quisemos liberdade, e Kadafi tirou isto de nós. Agora, nós vamos nos livrar dele e recuperar nossa liberdade - disse Mahmoud al-Ghwei, de 20 anos, que estava desarmado entre os homens que tomaram a base.
De acordo com a TV estatal, que divulgou uma mensagem em áudio do ditador, Kadafi pede que povo venha de todas as regiões para libertar Trípoli dos rebeldes e afirmou que fica na cidade até o fim. Ele diz também que tem medo que Trípoli seja queimada e garantiu que vai providenciar armas para quem lutar contra os rebeldes.
O ex-braço direito de Muamar Kadafi, Abdel Salam Jalloud, que aderiu aos rebeldes da Líbia, disse neste domingo que Kadafi deve ser derrubado dentro de dez dias . Em entrevista à Rai News italiana, Jalloud disse que a era Kadafi "certamente está para terminar e que deveria acabar dentro de uma semana, ou no máximo, dez dias". Rebeldes líbios abriram caminho rumo a Trípoli no sábado para ajudar insurgentes dentro da cidade que atacaram durante a noite. Kadafi se referiu aso rebeldes como "ratos".
Jalloud disse na entrevista que ele não espera que Kadafi fuja para outra país porque todas as estradas que dão acesso a Trípoli estão bloqueadas. O ex-colaborador de Kadafi disse também duvidar que o ditador líbio se entregue ou cometa suicídio:
- Mas do jeito que a situação está evoluindo, ele não será capaz de sobreviver - disse.
De acordo com o governo, desde sábado, 376 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas em ambos os lados. Uma série de explosões e disparos de armas automáticas são ouvidos desde as primeiras horas de domingo, em Trípoli. Cerca de 200 rebeldes líbios chegaram à capital em barcos para apoiar os combatentes. Um correspondente da Reuters informou que houve um tiroteio pesado próximo ao hotel onde os jornalistas estrangeiros estão hospedados na cidade. Segundo a TV Al Jazeera, neste domingo, a Otan bombardeou o complexo de Bab al Aziziya do ditador, no centro da cidade.
Na madrugada, em discurso na televisão estatal, Seif al-Islam Kadhafi, um dos filhos do ditador líbio Muamar Kadafi, afirmou que os rebeldes serão derrotados.
- Os rebeldes não vão vencer. Essa é a nossa terra, nosso país. Não importa se vai durar seis meses, um ano ou dois, a vitória será nossa. Esse é nosso país e não vamos abandoná-lo.
Pressão internacional contra Kadafi aumenta
O presidente da França Nicolas Sarkosy reafirmou neste domingo o apoio aos rebeldes que estão combatendo em Trípoli. A França foi o primeiro país a rejeitar Kadafi e a reconhecer formalmente o poder rebelde. A Alemanha pediu que o ditador entregue o poder imediatamente. A chanceler alemã Angela Merkel, em entrevista à TV ZDF, disse que "seria bom deixar o poder o mais rapidamente possível" para evitar um banho de sangue. Para Guido Westerwelle, ministro do Exterior, "o dia em que Kadafi deixar o poder será um bom dia para a Líbia e o povo líbio".
No fim da noite de sábado, um porta-voz de Kadafi disse, na TV estatal, que tropas da oposição se infiltraram na capital líbia em "pequenos grupos de poucas dezenas". Alguns rebeldes foram presos, afirmou o porta-voz.
O ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, confirmou que o ex-número dois do governo de Muamar Kadafi, Abdel-Salam Jalloud, está na Itália depois de fugir de Trípoli. Na sexta-feira, rebeldes líbios disseram que Jalloub havia desertado e que isso seria um golpe para o regime de Kadafi. Foi ele quem ajudou o ditador a chegar ao poder no golpe de 1969.
Em meio ao avanço de tropas rebeldes, Kadafi pediu a seus partidários que "marchem aos milhões" para pôr fim ao que chamou de "farsa".
"É preciso acabar com esta farsa. Vocês devem marchar aos milhões para libertar as cidades destruídas" controladas pela rebelião, declarou o coronel Kadafi em uma mensagem sonora divulgada pela televisão líbia.
O ditador chamou os rebeldes de "traidores e ratos", que "profanam as mesquitas", "agentes de (presidente francês Nicolas) Sarkozy, que quer o petróleo líbio".
"Mas o povo líbio não permitirá que a França tome seu petróleo ou deixe a Líbia para os traidores", disse.
Controlada com mão de ferro pelo ditador, a capital líbia, seu último quartel-general, virou palco dos confrontos que já duram seis meses no restante do país, no que os rebeldes dizem ser "o início do ataque a Trípoli".
O presidente dos EUA, Barack Obama, segue de férias com sua família num balneário exclusivo na ilha de Martha's Vineyard, mas mantém-se informado sobre a situação na Líbia. A equipe de segurança nacional informou-o sobre a situação na Líbia, onde as forças rebeldes, tendo avançado até Trípoli, poderiam derrotar o líder líbio Moamar Kadafi.
Cerco à capital:Explosões e tiroteios são ouvidos em Trípoli
Rumores: Rebeldes aumentam cerco a Kadafi, que teria planos de deixar Líbia
Um dos comandantes dos rebeldes em Benghazi, quartel-general dos opositores de Kadafi, o coronel Fadlallah Haroun revelou à TV al-Jazeera que os ataques da noite deste sábado marcavam o início da Operação Mermaid - apelido dado à capital líbia -, coordenada em conjunto com a Otan, que bombardeou a capital durante todo o dia. O avanço à capital ganhou força horas antes, quando os rebeldes tomaram Zawiya, a apenas 50 quilômetros a Oeste de Trípoli. Na sexta-feira, as tropas de oposição já haviam conquistado as refinarias daquela região.
Os confrontos respingaram até mesmo para além da fronteira tunisiana. Forças Armadas daquele país batalharam, na madrugada, contra homens armados que avançavam em carros sem placa. Não foi divulgado se os invasores eram ou não partidários de Kadafi.
A conquista de Zawiya isolou as tropas do ditador posicionadas próximo à fronteira com a Tunísia e pôs uma pressão sem precedentes sobre ele. Oficiais de inteligência da Casa Branca consideram que é uma questão de dias para Kadafi deixar o governo. As deserções de figuras do primeiro escalão contribuíram para aumentar os boatos de que ele mesmo estaria tentando deixar o país.
Segundo uma fonte do governo tunisiano, o ministro do Petróleo da Líbia, Omran Abukraa, está no país vizinho. Abukraa viajou para a Itália em missão oficial e teria decidido não voltar a Trípoli.
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