Já constatei neste espaço que meu amigo e vizinho Reinaldo Azevedo é o Pelé da internet. Brilha em qualquer campo, coleciona lances de gênio com a naturalidade de quem bate um lateral, faz um gol de placa por jogo. Seja qual for o adversário, Reinaldo está sempre inspirado. E entra em estado de graça quando enfrenta a seleção dos canalhas, convocada de tempos em tempos para enfrentá-lo. Foi assim nesta quarta-feira. Desafiado pelos representantes da sordidez, o cracaço liquidou o jogo com a obra-prima batizada de “Meus heróis não morreram de overdose. Alguns dos meus amigos de infância é que morreram no narcotráfico! E foi uma escolha“.
O texto ensolarado devassou as catacumbas da USP que escondem a quadra e o barracão da Acadêmicos da Vigarice. Surpreendidas nos sarcófagos pela luminosidade intensa, as criaturas das trevas foram reduzidas a cinzas como vampiros de chanchada. Órfãos de todas as ditaduras, gigolôs de presos políticos assassinados, torturadores desempregados, professores com QI de ministro, estudantes com doutorado em cretinice, aduladores de plateias infantilizadas, cafetões de bolsas de estudos, nostálgicos do século 18, velhotes com tênis nos pés e fraque no cérebro, jovens envelhecidos já no berçário por rugas mentais, devotos da Teoria do Bom Ladrão ─ nenhuma dessas abjeções paridas pela Era da Mediocridade escapou.
Os integrantes da Acadêmicos da Vigarice são muitos. Amparado na decência, no brilho intelectual e na verdade, Reinaldo Azevedo mostrou que, mesmo somados, não valem nada.
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