Vera Rosa / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Enredado em uma teia de denúncias, Carlos Lupi, titular do Trabalho, pediu neste domingo demissão do cargo. Ele perdeu o apoio do PDT, entrou em rota de colisão com o PT – que está de olho na vaga – e não conseguiu explicar à Comissão de Ética da Presidência os casos de cobrança de propina na pasta. Na sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff, em viagem à Venezuela, avisou que decidiria o caso "na segunda". Para se antecipar ao gesto presidencial, Lupi retornou na tarde deste domingo, 4, a Brasília e apresentou sua carta de demissão a presidente, em encontro no Alvorada. "Faço isto para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o trabalhismo não contagie outros setores do Governo. Decidi pedir demissão do cargo que ocupo em caráter irrevogável", disse em nota.
O passivo de escândalos selou o destino de Lupi. Depois de desafiar a Comissão de Ética, que na quarta-feira recomendou a dispensa, ganhar tempo e dizer que faria uma "análise objetiva" sobre o caso, Dilma chegou à conclusão de que não será possível segurar o auxiliar até a reforma ministerial, prevista para ocorrer entre o fim de janeiro e o começo de fevereiro de 2012.
Lupi é o sexto ministro que cai sob acusação de corrupção. Até agora, apenas Nelson Jobim (Defesa) não integrou a lista da "faxina". Foi dispensado por ter dado declarações consideradas "inconvenientes" sobre o governo.
Dilma não quer que o PDT indique um novo ministro agora, pois pretende fazer um rodízio na partilha dos cargos e tirar o Trabalho do controle pedetista, na reforma da equipe.
Diante do impasse, a tendência é que o atual secretário executivo, Paulo Roberto dos Santos Pinto, assuma o comando do ministério, interinamente, até o início do ano que vem. Ele é filiado ao PDT, mas não tem aval do partido e muito menos de Lupi.
"Defendo que o PDT não tenha nenhum cargo no governo Dilma", afirmou neste domingo, 4, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). "Nós vamos continuar no governo, mesmo não sendo nesse ministério", resumiu o deputado André Figueiredo (CE), presidente interino do PDT.
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