Desarticulação e ineficácia, resume o título do editorial do Estadão que analisou, neste
domingo, o que tem feito o governo (ou deixado de fazer) desde que foi
confrontado com as sombras que escurecem o horizonte da economia. Além de
números fornecidos por organismos oficiais, o texto se vale também de análises
feitas por especialistas ligados à administração federal para mostrar que o
Planalto se recusa a enxergar o tamanho do perigo.
“A
política econômica está se transformando num emaranhado de medidas desconexas,
pontuais, que não estão atuando no sentido de ganhar tempo para que se
encontrem estratégias de longo prazo”, adverte Roberto Messenberg, coordenador
do Grupo de Análise e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
“As estratégias de longo prazo passaram a ficar de lado. Estamos perdendo o
foco da política econômica”, inquieta-se o especialista do IPEA.
Entre
outros espantos, a sigla inventou a fórmula milagreira que permite a um
brasileiro pobre entrar na classe média sem sair da pobreza. Pois nem os
economistas do IPEA conseguem engolir sem engasgos o otimismo tatibitate de
Dilma Rousseff e a numerologia embusteira de Guido Mantega. Como o mestre Lula,
os dois discípulos acreditam que ufanismo rastaquera cura crise. A cada sinal
de perigo, a presidente recita que com o Brasil ninguém pode. A cada trinta
dias, o ministro da Fazenda repete que o mês não cumpriu o combinado, mas o
próximo será bem melhor, embora não tão bom quanto o seguinte.
Neste
fim de semana, contra todas as evidências, Lula, Dilma e Mantega voltaram a
receitar aos brasileiros outra dose de paciência. É só uma questão de tempo,
garantiu o coro dos contentes. As medidas de estímulo à economia adotadas pelo
governo vão dar certo. Há 18 anos, quando apareceram os primeiros efeitos positivos
do Plano Real, a mesma trinca também achou que era só uma questão de tempo:
tudo iria dar errado.
O
Brasil já atravessou zonas de turbulência econômica até sem piloto. O problema
agora é o excesso de fanfarrões na cabine. Sobram comandantes de araque. Falta
plano de voo.
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