Do Blog Aloízio Amorim
No segundo
dia do Foro de São Paulo, realizado no hotel Alba, em Caracas, o que valeu
foram os passeios externos. Logo de manhã, uma comitiva saiu para um ato no
Palácio da Assembleia Nacional. Entre eles estava o petista José Dirceu, que faz sua última
viagem ao exterior antes do início do julgamento do mensalão.
No salão da
câmara, o chanceler Nicolás Maduro deu um longo discurso sobre os 201 anos de
independência da Venezuela, os quais ele explica como sendo uma luta constante,
com outros países da América Latina, para tentar evitar golpes de estado
promovidos pela burguesia e pelos americanos. O presidente venezuelano Hugo
Chávez ainda aproveitou a atenção para atacar a elite, o capitalismo e o
império.
De lá, o
grupo seguiu de ônibus para a área militar de Fuerte Tiuna. No tradicional
desfile da independência, funcionários do governo envolvidos em missões
assistencialistas, civis que receberam treinamento militar, soldados, tanques e
caças desfilaram para um público vestido de vermelho, a cor do partido de
Chávez. A todo momento, gritavam-se urras ao presidente venezuelano, que está
em plena campanha eleitoral. Foi um ato partidário-militar.
Apesar das
cirurgias que teriam extirpado um câncer e uma reincidência, Chávez mostra-se
bem disposto. Embora ande um pouco devagar, sobe e desce escadas sem ajuda,
apenas dando a mão para uma de suas filhas.
Na abertura
do desfile, Chávez disse que os golpes militares da América Latina não foram
feitos por militares. Foram, isso sim, obras da burguesia capitalista insuflada
pelos Estados Unidos. Ao final do desfile, outro discurso e mais ataques contra
a burguesia, o capitalismo e o império americano. Cantou um pouquinho,
acompanhado de uma banda, e ainda conseguiu contextualizar tudo usando o que
aprendeu lendo o filósofo alemão Friedrich Nietzsche: “e tem a coisa do eterno
retorno, como dizia o Federico”. Então, renovou os ataques contra a burguesia,
o capitalismo e o império americano.
Na mesma
fileira de Chávez estava o chanceler Nicolás Maduro, que foi flagrado em um
vídeo reunindo-se com militares paraguaios no Palácio de Lopez, em Assunção.
Maduro ordenou que eles impedissem a votação no Senado, que mais tarde
destituiria o ex-presidente Fernando Lugo. Os chefes das forças armadas
recusaram-se a cumprir a ordem externa e preservaram a democracia. Sobre o
vídeo que mostra o encontro, divulgado pela ministra de defesa do Paraguai,
María Liz García, Chávez fez mistério. “Tem muita coisa por trás disso que eu
nem posso dizer. Se um dia eu for contar tudo, nossa!”, disse ele. Explicar,
nem precisa. O povo já entendeu tudo. Uma das expectadoras mais afoitas foi
direta: “Chávez, te necessito!”.
Pouco atrás
de Chávez estava Piedad Córdoba, a ex-senadora colombiana que foi flagrada
dando conselhos para as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e
teve os direitos políticos cassados pela Justiça. Algumas fileiras mais atrás
sentou-se o petista José Dirceu, de camisa branca.
À noite,
Dirceu participou discretamente da inauguração do Foro de São Paulo, de volta
ao hotel Alba. O secretário de relações internacionais do Partido dos
Trabalhadores, Valter Pomar, foi um dos que falou no ato. “Mas a direita tem
alguma dúvida de que a esquerda latino-americana apoia Hugo Rafael Chávez
Frias?”, disse Pomar. Do site da revista Veja
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