Gurgel estuda pedir recolhimento do
passaporte de acusados do mensalão para evitar fuga. Medida pode ser
tomada assim que ministros fixarem a punição de cada condenado
Gabriela Valente - O Globo
O procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, estuda medidas para evitar que os réus condenados pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) no processo do mensalão fujam do país. Entre elas, estaria
recolher o passaporte. Ele afirmou que precauções devem ser tomadas assim que
os ministros fixarem a punição de cada condenado.
— É claro que há uma preocupação grande
com a efetividade do cumprimento da pena – alertou Gurgel.
Depois da conclusão do julgamento do
mensalão, os ministros deverão analisar um pedido de prisão imediata. Gurgel
esclareceu que estuda pedir que os condenados só deixem o país com autorização
judicial se o STF não determinar a prisão. No entanto, ele afirmou que não
acredita que os condenados no processo fugirão para outro país.
— O mundo hoje é pequeno.
Questionado sobre a possibilidade do
ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato não retornar ao
Brasil, Gurgel disse que o advogado do réu prometeu que o cliente retornaria. O
executivo já foi condenado pelo STF e estava em viagem de férias na Europa. Seu
advogado Marthius Lobato havia declarado que Pizzolato retornaria ontem ao
Brasil.
— Ele saiu do país regularmente —
afirmou Gurgel — O advogado me assegurou que ele está retornando.
Quando o procurador soube da viagem de
Pizzolato, se lembrou imediatamente do caso de outro condenado com sobrenome
italiano: Saltavore Cacciola, o dono do Banco Marka que fugiu depois da prisão
decretada por crimes contra o sistema financeiro. Pizzolato também teria
nacionalidade italiana.
— Daí é um problema porque em principio
nenhum país extradita um nacional. Tem de esperar ele ir para Mônaco — brincou
o procurador numa referencia à prisão do número um da lista de procurados pela
polícia brasileira, em 2007. Cacciola foi detido pela Interpol durante uma
viagem ao principado.
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