ESCRITO POR CAMILA HOCHMÜLLER ABADIE | 21 NOVEMBRO
2012
INTERNACIONAL - ORIENTE
MÉDIO
O Hamas é um grupo
terrorista e com terroristas não existe diálogo. Eles nada fizeram pelos
palestinos civis que vivem na faixa de Gaza, onde Israel já desocupou há anos.
Usam a população como escudo, covardemente se escondendo atrás de crianças e
jovens.
Fiz uma rápida
entrevista com Sarita Gorodicht, criadora e organizadora da Caminhada Pró-Israel e
contra o Fórum Social Mundial – Palestina Livre, nesta terça-feira
(20). A manifestação será realizada em Porto Alegre no dia 25 de novembro, três
dias antes do evento patrocinado pelo governo do PT do Rio Grande do Sul, que
reunirá amplos setores da esquerda e simpatizantes do terrorismo do Hamas e do
globalismo islâmico. Ao longo da conversa com Sarita, não pude ignorar a
lembrança da história relatada no livro de Números, capítulos 13 e 14, sobre
conquista de Canaã, na qual apenas dois espias, Calebe e Josué, acreditaram que
podiam conquistar a terra prometida, enquanto os outros dez derreteram-se de
medo e não creram que Deus estava com eles.
Sarita, como surgiu a ideia da Caminhada (Caminhada em apoio ao Estado de
Israel e contra a proposta do Fórum Social Mundial – Palestina Livre)?
Sarita Gorodicht: As pessoas no Facebook queriam uma atitude por parte
da comunidade em prol da paz em Israel e contra o teor do Fórum que vai
acontecer aqui. Como ninguém tomou a dianteira, criei o evento da Caminhada,
que foi bem recebida, e consegui adesão de outras pessoas para organizá-lo.
O movimento cresceu mais
do que esperávamos. Afinal, vários países estão fazendo manifestações pela paz
. E o Brasil? Pensando nisso, é evidente que o Brasil tinha que se manifestar
também. Porto Alegre foi a primeira cidade a se manifestar. Segue agora São
Paulo.
Como você vê a situação entre Israel e o Hamas? E como isso pode repercutir no
Fórum que se realizará aqui em POA?
Todos sabem que a situação entre Israel e Hamas é péssima, no sentido que a paz
é inviável. O Hamas é um grupo terrorista e com terroristas não existe diálogo.
Eles nada fizeram pelos palestinos civis que vivem na faixa de Gaza, onde
Israel já desocupou há anos. Usam a população como escudo, covardemente se
escondendo atrás de crianças e jovens. Criam suas crianças já incutindo ódio
por Israel. O grupo Hamas quer a destruição do Estado de Israel e tomar posse
da terra.
Porto Alegre convive pacificamente com todas as religiões. Isso virá a afetar a
população com medo, raiva, discórdia, dependendo do que acontecer entre os dias
28 a 1 de dezembro.
Não é isso o que a mídia tem retratado mundo afora. Como você vê a atuação da
mídia nesse sentido - pois a opinião pública baseia-se fundamentalmente no que
dizem os jornais, ou seja, em fontes secundárias - ?
A mídia nunca apoiou Israel. Sempre se ouve notícias pelo lado palestino,
afirmando que Israel matou civis palestinos. Mas veja, Israel tem muita
preocupação com a vida dos seus habitantes. Isso é judaico, ou seja, o judaísmo
prega a proteção, a vida e o amor à família e ao próximo. Temos inúmeros
abrigos espalhados por todo Israel. Eles tocam sirene quando uma bomba se
aproxima e a população ainda tem 15 segundos para se abrigar. Por isso morre
menos gente. E do lado da faixa de Gaza, onde está a comunidade palestina? O
que tem para proteger a população? Nada. E pior, o grupo Hamas pouco está se
preocupando com a população, usam-na, como disse, como escudo. Por isso morre
mais gente. Por isso todos se penalizam com os palestinos que morrem. Por isso
acusam Israel, mas é falta de informação. Voltei de Israel há dois meses e lá a
população já estava com suas máscaras novas de gás nas mãos.
Ou seja, a motivação da caminhada é demonstrar apoio a Israel e rejeitar a
proposta do Fórum, que se realizará nesse momento especialmente tenso. Como
você vê, mais especificamente, a proposta do Fórum?
A finalidade da caminhada é demonstrar apoio a Israel, como vários países têm
feito, e achamos que este Fórum não deveria ser realizado neste momento nada
propício, onde existe uma guerra no Oriente Médio que envolve judeus e
palestinos, e o pior, pelo conteúdo anti-Israel deste evento, e, além disso,
por ser realizado, em grande parte, com verba pública, como várias pessoas têm
divulgado. O Fórum pede a ruptura dos laços de amizade entre Israel e o Brasil.
Deseja o que todos temem: discursos antissemitas, que pregam a discórdia.
Israel não é contra a criação de um Estado Palestino, mas também defende seu
território conquistado e nossa capital Jerusalém, que eles querem como capital
do estado palestino. Isso é uma grande piada. Jamais vai acontecer. Mas
enquanto existir o grupo terrorista Hamas comandando a faixa de Gaza, qualquer
tentativa de discutir esse assunto não leva a nada. Então por que a realização
deste Fórum neste momento? Por que no Brasil? Por que numa cidade como Porto
Alegre? Perguntas que têm resposta. Com a palavra nosso Governador do Estado,
que apoia e sustenta esse Fórum.
A caminhada está marcada para o próximo domingo, dia 25, três dias antes do
começo do Fórum. Houve alguma oposição à sua realização, vinda de dentro ou de
fora da comunidade judaica?
Sim.
Você pode contar-nos um pouco mais a respeito?
Ontem realizamos uma reunião na Federação
Israelita do Rio Grande do Sul (FIRS), que se opõe ao movimento justamente em
função da realização do Fórum. Eles entendem que a caminhada vai só atrapalhar
as intenções da FIRS de esvaziar o Fórum, o que é impossível porque ele vai
acontecer e as delegações já estão confirmadas. Eles dizem que estão se
mobilizando através de reuniões com representantes do Governo do Estado. Mas resumindo,
a posição da FIRS é política. E esperávamos apoio, até porque nossas intenções
são absolutamente pacíficas, sem discurso, sem briga, sem atiçar ânimos, apenas
uma caminhada, mas nem isso foi aceito. Eles alegam que não é momento para
isso, mas eu pergunto: é momento para o Fórum? Lógico que não! É momento de
paz. De apoiar Israel nesta luta. E pergunto de novo: este Fórum propõe a paz?
Vai trazer paz a nossa cidade?
E como você se sente
diante da recusa de apoio da própria entidade que mais os deveria estar
apoiando e defendendo? A
caminhada será cancelada?
Eu me sinto cerceada no meu direito de exercer minha liberdade como judia que
ama Israel, que sofre à distância por meus amigos e por todo o povo. Sinto-me
triste e revoltada ao mesmo tempo. Temo pela nossa cidade, por nossa segurança
e nosso futuro. Os palestinos são em muito maior número e unidos. Quanto à
FIRS, sinto-me apenas desapontada. Não concordo com os argumentos deles. Tenho
os meus e gostaria somente de ser entendida e apoiada caso essa caminhada não
venha a acontecer. O que desapontará muitas pessoas, mais de 200 até hoje. Mas
não tenho ainda resposta para dar se a caminhada vai ser cancelada. Pode não
ser uma caminhada. Pode ser apenas um movimento silencioso pela paz. Quem sabe?
Existem pessoas de outros grupos, não-judeus, unidos a vocês pela Caminhada?
Existem sim, pessoas de todas as religiões e sem religião. Este é um grupo
aberto a todos os simpatizantes do Estado de Israel e que pregam a paz. Só
procuramos o apoio da FIRS porque foi criada por judeus esta caminhada. Só por
isso e porque existe um grande número de judeus. Mas veja, hoje é somente
terça-feira, até domingo tem muito chão pela frente.
É verdade. Desejo-te uma caminhada muito bem-sucedida, Sarita, com ou sem o apoio
da FIRS, para que o povo de Israel saiba que não está só e para que os
participantes do Fórum saibam que existe oposição. Muito obrigada pela entrevista!
Eu que agradeço.
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