Desde o assassinato do
prefeito Celso Daniel em janeiro de 2002, Gilberto Carvalho vem se
especializando em reduzir a crime comum um crime político. Nesta terça-feira, o
secretário-geral da Presidência da República revelou que está aprendendo também
a transformar crimes comuns em arma política para o assassinato da verdade. “A
gente estava alarmado com os mortos da Palestina”, recitou a abarrotada
caixa-preta do PT, “e as estatísticas mostram que, só na Grande São Paulo, em
um dia, você tem mais gente perdida, assassinada, do que num ataque desses”.
Acaba de levar o troco
do ex-governador paulista Alberto Goldman. “Ao Gilberto Carvalho falta
honestidade intelectual”, escreveu em seu blog o vice-presidente do PSDB. “Ele
é ministro da Dilma, uma espécie de chefe de gabinete. Faz de tudo. Também era
assim quando chefiava o gabinete do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Era
a ponte entre o município e o então presidente do PT, José Dirceu. Tudo
transitava por ela (ponte) e por ele ( Gilberto )”.
Goldman informa que o
índice de homicídios dolosos no Brasil é de 25 por 100 mil habitantes. Em todo
o país, portanto, a violência mata 50 mil por ano, ou 137 por dia. No Estado de
São Paulo, antes da declaração de guerra feita pelo PCC, morriam em média 4 mil
por ano, ou 11 por dia. Isso equivale a 10% do total de mortes contabilizadas
no país, embora o território paulista concentre 22% da população brasileira.
Mesmo com a
intensificação de confrontos entre policiais e bandidos, os índices continuam
expressivamente inferiores à média nacional. “Se é para fazer comparações
idiotas”, revida Goldman, “em apenas num dia morrem no Brasil, não em São
Paulo, mais pessoas do que nas últimas semanas do conflito no Oriente Médio”.
Cálculos extraídos de situações atípicas podem conduzir a diagnósticos
perigosos, poderia ter acrescentado Goldman.
Entre setembro de 2001
e janeiro de 2002, por exemplo, foram assassinados os prefeitos de Campinas,
Toninho do PT, e de Santo André, Celso Daniel. Dois em quatro meses. Ambos em
circunstâncias suspeitíssimas. Segundo o método Gilberto Carvalho, em nenhum
lugar do mundo foram executados tantos prefeitos de um mesmo partido em apenas
um terço do ano.
Nem no Oriente Médio.
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