Em
um livro prestes a ser lançado na Líbia, a francesa Annick Cojean detalha os
crimes sexuais cometidos pelo tirano, obcecado por sexo. Ao site de VEJA, ela
conta os desafios das mulheres em meio aos tabus da sociedade ainda arcaica
Cecília Araújo
O
ex-ditador líbio Muamar Kadafi, deposto e
linchado pelos seus opositores em outubro de 2011, poderia ser definido
em uma única palavra: megalomaníaco. Atribuía enorme importância à sua imagem,
se vestia de modo bastante peculiar e fazia questão de transformar suas
aparições públicas em extravagantes encenações. Nascido em uma família muito
pobre de beduínos, Kadafi trazia de volta suas raízes ao acampar em luxuosas
tendas durante viagens a outros países ou ao receber personalidades na Líbia.
Queria se mostrar autêntico, e não suportava concorrência ou comparação. Ele
impedia que de seu país sobressaísse algum nome que não o seu - até os
jogadores de futebol só podiam ser citados pelo número da camisa. Dentro do seu
plano de intrigar o mundo estava se apresentar como único chefe de estado a se
cercar de uma guarda inteiramente feminina. E ali ele escondia seu maior
segredo: além de megalomaníaco, também era obcecado por sexo. Suas
“amazonas”, como eram chamadas, destacavam-se pela beleza - a
maioria não tinha qualquer formação militar nem sequer portava armas.
Muitas eram, na verdade, amantes e objetos sexuais de Kadafi, segundo o livro
“O Harém de Kadafi” (Verus Editora), da francesa Annick Cojean, publicado
recentemente no Brasil.
Leia
também:
Ex-premiê de Kadafi
será julgado por ordenar estuprosA mais destruidora das
armas de guerra é usada na Líbia
“O estupro,
considerado na Líbia o pior dos crimes, era prática corrente da ditadura e foi
decretado arma política e de guerra”, diz a jornalista, que falou ao site de
VEJA durante uma breve passagem pelo Brasil, nesta semana. E o responsável por
isso era exatamente Kadafi, aquele que pregava a igualdade de gêneros ao longo
dos 42 anos em que se manteve no poder. Em seu livro, Annick apresenta relatos
detalhados de vítimas do ditador. Uma das personagens reais (porém, com nome
trocado, para garantir sua segurança) é Soraya, hoje com 23 anos. Antes de
completar 15 anos, ela chamou a atenção de Kadafi em uma visita à sua
escola. Acabou raptada para se tornar escrava sexual. Presa durante cinco
anos na residência fortificada de Bab al-Azizia, na capital Trípoli, Soraya foi
espancada, violentada, exposta a todas as perversões do tirano. Em seu
relato, a jovem diz que preferiria que Kadafi tivesse sido
capturado e julgado por um tribunal internacional, que prestasse contas.
“Kadafi lhe roubou a virgindade e a juventude, impossibilitando qualquer futuro
respeitável na sociedade líbia”, conta Annick. Continue lendo no site da VEJA
Nenhum comentário:
Postar um comentário