Prefeito foi encontrado morto em 2002;
Polícia Civil e Ministério Público divergem
sobre razão do assassinato
Folha de São Paulo
O depoimento do empresário Marcos
Valério à Procuradoria-Geral da República reforça a tese de que o assassinato
do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), em 2002, teve motivação política,
disse ontem o promotor de Justiça Marcio Augusto Friggi de Carvalho.
O
promotor ressalvou, porém, que é necessário aguardar os desdobramentos do caso
na Procuradoria-Geral da República antes de se chegar a alguma nova conclusão.
Conforme
revelou ontem "O Estado de S. Paulo", Valério declarou que o PT teria
pedido a ele R$ 6 milhões para que o empresário Ronan Maria Pinto, de Santo
André, deixasse de chantagear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o ex-ministro José
Dirceu, da Casa Civil.
A
suposta chantagem estaria ligada ao assassinato do então prefeito de Santo
André.
O
Ministério Público sustenta que o prefeito foi morto a mando do empresário
Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, porque teria descoberto que ele estava
desviando dinheiro da prefeitura em proveito próprio.
O
dinheiro seria parte de propinas que estariam sendo cobradas pela prefeitura
para bancar campanhas eleitorais do PT em 2002.
A
Polícia Civil de São Paulo, entretanto, diz que se tratou de crime comum.
Celso
Daniel foi morto após ser sequestrado em São Paulo, na companhia de Sombra.
Depois, foi encontrado morto e com sinais de tortura.
"Não
se pode concluir nada, mas causa perplexidade que um crime como esse, com esses
desdobramentos todos, seja crime comum", disse.
Marcos
Valério disse ainda que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, teria
contratado um empréstimo bancário para auxiliar o ex-presidente.
A
suposta chantagem teria sido relatada a Valério por Silvio Pereira, que foi
secretário-geral do PT. Pereira não atendeu ao telefone ontem, mas já havia
negado a versão.
A Folha deixou
recados no escritório em São Paulo do advogado de Bumlai, Mário Sérgio Duarte
Garcia, mas ele não telefonou de volta.
Em
nota, Maria Pinto disse que "conforme já declarou em oportunidade
anterior, jamais se encontrou em qualquer circunstância com o sr. Marcos
Valério, a quem não conhece pessoalmente -só pelo noticiário". Também
afirmou que não conhece Bumlai, "de quem nunca sequer tinha ouvido
falar".
"Diante
desses fatos, a falsidade das declarações atribuídas ao sr. Marcos Valério fica
patente. Trata-se da mesma velha falácia com que buscam envolver seu nome em
assuntos com os quais nada tenho a ver", diz ele.
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