Por Venceslau Borlina Filho
Do Rio
Exonerado
pela presidente Dilma Rousseff no fim de 2011 após denúncias de
irregularidades, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi permanece como
conselheiro do BNDES na vaga destinada ao representante do ministério.
No
cargo, ele recebe cerca de R$ 6.000 por mês, pagos trimestralmente. A nomeação
foi feita pela própria presidente, quando ele ainda era ministro do Trabalho.
A
assessoria do atual ministro, Brizola Neto, informou ontem que pediu à
Presidência em junho de 2012 a substituição de Lupi. A Presidência ainda não se
manifestou sobre o pedido.
"Olha,
eu não sei [explicar a permanência no cargo]. Você tem que perguntar à direção
que me manteve lá até agora. Como eu era indicado pela Presidência da
República, enquanto não me tirar, eu estou lá", disse. "Se for da
confiança dela [Dilma Rousseff], permaneço", disse à Folha o ex-ministro.
Lupi é
presidente nacional do PDT, partido da base aliada ao governo. Como conselheiro
do BNDES, tem participação na aprovação do orçamento do banco e acompanha a sua
execução.
A
estimativa é que o BNDES tenha movimentado R$ 150 bilhões em 2012.
A saída
do ex-ministro do governo ocorreu após a Comissão de Ética Pública da
Presidência da República recomendar sua exoneração. A comissão apurou suposto
desvio ético de Lupi e também o advertiu sobre o caso.
ACÚMULO
DE CARGOS
Reportagem
da Folha à época mostrou que, antes de assumir
o Ministério do Trabalho, em 2007, ele acumulou dois empregos públicos por
quase cinco anos: o de assessor da liderança do PDT na Câmara dos Deputados, em
Brasília, e o de assessor de um vereador do PDT na Câmara Municipal.
A
investigação do caso cabe à Procuradoria da República do Distrito Federal.
Dois
meses após deixar o Ministério do Trabalho, ele foi nomeado assessor especial
pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), mas foi exonerado no dia seguinte à
nomeação.
O
Conselho de Administração do BNDES é presidido pelo ministro Fernando Pimentel
(Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), que também já foi alvo de
investigação da Comissão de Ética por sua atuação como consultor em 2009 e
2010, antes do governo Dilma.
Tem
ainda entre seus integrantes o presidente do BNDES, Luciano Coutinho; a
ministra do Planejamento, Miriam Belchior; o presidente da Agência Brasileira
de Desenvolvimento Industrial, Mauro Borges Lemos; e o secretário de política
econômica do Ministério da Fazenda, o economista Márcio Holland de Brito.
OUTRO
LADO
O
ex-ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, diz não saber por que a
Presidência ainda não o tirou do cargo de conselheiro do BNDES.
"Todos
os membros são nomeados pela presidente, por indicação do ministro do
Desenvolvimento. Não sei por que não [me] tiraram."
A
Presidência informou que o BNDES se manifestaria. Em nota, o banco disse que
Lupi permanece só "de maneira formal como membro do Conselho de
Administração do BNDES, enquanto aguarda "seu substituto".
O BNDES
informou que Lupi não participa das reuniões do conselho nem recebe
remuneração. O banco não informou o valor. O ex-ministro, porém, afirmou que
participa das reuniões e que recebe por sua atuação.
"A
última reunião ocorreu no ano passado, acho que em setembro. Faço aquilo que me
está delegado. Experiência não me falta", disse.
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