CFM vai entrar com representação contra 'importação' de médicos: Entidade que representa a classe quer que estrangeiros validem diplomas. Governo planeja trazer profissionais de Cuba, Espanha e Portugal


O Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmou nesta quinta-feira (16) que vai entrar com representação na Procuradoria Geral da República contra os ministros da Saúde,Alexandre Padilha, da Educação, Aloizio Mercadante, e das Relações Exteriores,Antônio Patriota, por terem anunciado que vão trazer médicos do exterior para trabalhar no Brasil.
A entidade médica promete entrar com a medida judicial “até o final da tarde” para que a procuradoria faça uma solicitação de esclarecimento aos três ministros, sobre a proposta de trazer médicos estrangeiros sem a revalidação do diploma.
No último dia 6, Patriota anunciou um plano para receber 6 mil médicos de Cuba para auxiliar no atendimento básico em regiões onde a assistência à saúde é deficiente. Já Padilha afirmou que a prioridade do Ministério da Saúde é contratar profissionais no Portugal e na Espanha.
Desde o primeiro anúncio dos planos, o CFM se posicionou contrário à medida. Para a entidade que representa os médicos, a iniciativa é "inconstitucional" e "eleitoreira".
Nesta quinta-feira, o presidente do CFM, Roberto D’Avila, voltou a afirmar que a preocupação dos médicos é apenas com a qualidade dos serviços prestados. "Para o povo, querem dar uma medicina de baixa qualidade", afirmou.
“Não é corporativismo e nem reserva de mercado, muito menos xenofobia. O que nós estamos defendendo é a revalidação do diploma. É assim que os países sérios fazem”, completou o mandatário.
Para que um médico formado no exterior – mesmo que seja brasileiro – possa exercer a profissão, precisa ser aprovado Revalida, um exame exigido para validar os diplomas concedidos por instituições de outros países. Segundo o CFM, em 2012, apenas 77 dos 884 médicos que prestaram a prova foram aprovados.
Além dos ministros e deputados ligados ao governo, representantes da Frente Nacional dos Prefeitos também apoiaram a iniciativa, alegando que a falta de médicos é, sim, um problema recorrente no interior do Brasil.
“É uma falácia, uma mentira, dizer que faltam médicos no Brasil. Nós poderíamos ter seis médicos por mil habitantes, como em Cuba. O problema é a distribuição demográfica dos médicos”, rebateu Roberto D’Avila.
Um levantamento publicado pelo próprio CFM em fevereiro mostrou que o número de médicos disponíveis por paciente no Sudeste, onde há mais profissionais, é mais que o dobro do Norte, onde há menos. O mesmo estudo mostrou que, em médica, o país tem dois médicos para cada mil habitantes.

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