Aos policiais que apreenderam os 465 000 reais, o operador Eduardo Lemos limitou-se a dizer que carregar dinheiro em espécie não é crime. Acima, sua empresa de “consultoria” em Manaus (Marcia Kalume)
Rodrigo Rangel e Hugo Marques
Um passageiro
flagrado no portão de embarque de um aeroporto com muito dinheiro vivo em seu
poder não chega a ser uma novidade no Brasil. Tampouco causa grande surpresa se
o tal passageiro tiver escolhido, como local para acondicionar as notas, suas
roupas íntimas. Tudo isso já se viu - e tudo isso se repetiu na manhã do último
dia 16 no Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília. Nesse dia, uma
quinta-feira, a Polícia Federal flagrou dois homens que tentavam embarcar para
o Rio de Janeiro com 465 000 reais escondidos em suas meias e cuecas. A dupla
foi detida para esclarecimentos e o dinheiro, apreendido.
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Horas depois, um terceiro homem se apresentou à
polícia dizendo ser o dono da bolada. Identificou-se como Eduardo Lemos, disse
que os homens eram seus funcionários e que a quantia se destinava a comprar um
imóvel no Rio. Indagado sobre os motivos de ter recorrido ao método (ainda)
pouco usual para transporte de dinheiro, respondeu apenas que carregar valores
em espécie não é crime. E ainda esnobou os policiais: para ele, o quase meio
milhão de reais apreendidos nem era “tanto dinheiro assim”. Para comprovar o
que dizia, fez questão de exibir o relógio de 120 000 reais que carregava no
pulso e de informar que havia chegado ao prédio da polícia a bordo de um
Porsche.
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O homem declarou ainda não ter nenhuma relação com
políticos e disse que o dinheiro que seus empregados carregavam não provinha
dos cofres públicos. A realidade é bem diferente, conforme apurou a reportagem
de VEJA. Eduardo Lemos, na verdade, é Carlos Eduardo Carneiro Lemos, um
operador de mercado conhecido por fazer negócios com fundos de pensão de
empresas estatais, e o flagrante em que ele acaba de se envolver é o princípio
de um grande escândalo.
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