Resultado de um lance de oportunismo de
alas do PT embevecidas pela “democracia direta” chavista, a Constituinte
exclusiva, ideia afastada por flagrante ilegalidade ─ não pode haver
constituinte para rever apenas partes da Carta ─, foi convertida em plebiscito. ”Ao
vislumbrar uma brecha na crise das manifestações de rua para contrabandear este
antigo sonho do partido ─ oficialmente, desde 2007, segundo documentos internos
do PT ─, a legenda desembocou numa consulta popular que o governo Dilma precisa
viabilizar junto ao Congresso.
A tarefa é impossível de ser cumprida, se a ideia for
realizar uma consulta séria à população. Como o tema do plebiscito, a reforma
política, não pode ser traduzido em perguntas simples e objetivas, exigência de
qualquer sondagem popular, a presidente Dilma tem mais um problema sério sobre
a mesa para resolver.
E tudo isso para pretensamente atender a uma das
reivindicações das ruas, afirmam o governo e o partido. Ora, num sentido
bastante amplo, pode-se entender que as críticas aos políticos e governos em geral,
feitas nas manifestações, podem ser atendidas por uma reforma política. ”É
duvidoso, porém. Mais ainda quando se sabe que, entre as mudanças arquitetadas
por petistas, está o voto em lista fechada, em que os candidatos são escolhidos
pelos caciques partidários, em barganhas nada transparentes, distantes do povo
em nome do qual se pretende fazer as mudanças. Ironia pura.”E, enquanto o
plebiscito vai tomando conta da agenda política, o governo finge não entender
críticas reais feitas nas ruas: prioridades erradas nos gastos públicos,
desperdícios, mais recursos para Educação e Saúde, por exemplo. É a tradução
dos ataques aos estádios para a Copa e à baixa qualidade do sistema de
transporte público urbano.
Em vez de uma incerta e etérea reforma política, o
Planalto deveria responder às manifestações com ações objetivas e certeiras.
Como a suspensão do mirabolante e bilionário projeto do trem-bala entre Rio e
São Paulo, com o último orçamento em mais de R$ 30 bilhões ─ cifras sempre
revistas para cima ─, e a transferência do que houver de dinheiro público
envolvido na empreitada para viabilizar projetos de trens suburbanos e metrôs
nas duas regiões metropolitanas.
Os tais
“pactos” com os quais Dilma se compromete ─ a reforma política é um deles ─
correspondem a despesas de R$ 50 bilhões. Em entrevista ao Globo,
o ministro da Fazenda, Guido Mantega, promete cortes em gastos de custeio e/ou
aumento de impostos a fim de compensar estas despesas.”Chega a ser um acinte
admitir aumentar a já elevada carga tributária, quando o governo gasta R$ 611
bilhões por ano ─ ou quase US$ 300 bilhões ─ para manter uma enorme máquina
burocrática, com 39 ministérios, quase 1 milhão de funcionários e 22 mil
servidores apaniguados, donos de cargos ditos de confiança, para os quais são
nomeados por afinidades pessoais e ideológicas. Explica-se o mau humor
demonstrado nas manifestações. Vandalismo à parte.
Um comentário:
A cara dela diz tudo:
a coisa tá feia!
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