Por Mauro Santayana - TRIBUNA DA IMPRENSA
Um
agente da ABIN, identificado como Igor Pouchain Matela, foi preso no dia 18, em
manifestação no Rio de Janeiro, ao
tentar impedir a prisão de Carla Hirt
que atirava pedras contra a polícia, e estava em sua companhia. A informação
sugeriu novas indagações a propósito da infiltração, nas manifestações, de grupos
organizados. Tão grave quanto a presença
de um agente federal de inteligência, teoricamente treinado para defender as
instituições, estar presente em uma passeata que terminou de forma violenta,
nas cercanias da residência de um governador, é o fato de a ABIN, em nota
oficial, admitir que não tinha informações prévias da manifestação, e dela
soube pelos jornais. O mínimo que se espera, por parte da área de
inteligência, é que esses eventos sejam monitorados, ou, pelo menos, que deles
tenha prévio conhecimento: qualquer
pessoa com acesso a um computador é capaz de fazê-lo. Como sabemos, é mediante
as redes que se marcam as manifestações.
Deve ser do interesse da ABIN, assim como da Polícia Federal e das organizações
policiais dos estados, saber o que está ocorrendo.
Essa previsão é necessária,
não para reprimir os protestos pacíficos, garantidos pela Constituição, mas
pela constante presença de grupos organizados de arruaceiros, interessados em
destruir o patrimônio público e privado, e em provocar a repressão das forças
policiais – com desastrosas conseqüências para a governabilidade. O episódio da
prisão do agente da ABIN, no Rio de Janeiro, se soma a outro fato curioso, no
contexto das manifestações: recordemos aqui a denúncia de um cidadão que se
intitula integralista, Marcio Hiroshi, de que o movimento do qual participa
estaria usando grupos de “carecas” para tumultuar as passeatas, atacando
militantes de partidos e as forças policiais. Pelo noticiário, pelo menos um
membro da PM de São Paulo teria sido visto quebrando com pesada pedra o
pára-brisa da própria viatura, e um fuzileiro naval detido, durante a frustrada
invasão do prédio do Itamaraty.VANDALISMO Finalmente, esta semana, algumas
centenas de manifestantes mascarados dos Black Blocs partiram mais uma vez para
a violência, quebrando 13 agências bancárias na Avenida Paulista..
A
arruaça contribuiu para paralisar a cidade com engarrafamento de dezenas
de quilômetros.
Estranhamente,
embora ocorrida em São Paulo, a manifestação de sexta-feira estava dirigida
principalmente contra o Governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro.
Compreende-se que o Governador Sérgio Cabral, com apenas 12% de aprovação nas
últimas pesquisas, não esteja vivendo, neste momento, uma fase de grande
simpatia por parte do público.
Mas, com certeza, não é
mero fruto do acaso ter sido ele o primeiro dirigente político a merecer
manifestações contrárias fora de seu estado, e ao mesmo tempo, ter sido o
primeiro governador a designar uma Comissão Especial para investigar os
atos de vandalismo que têm ocorrido no Rio de Janeiro.
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