No sábado passado, um amigo me convidou
para dar uma volta de carro pelo centro de São Paulo no começo da noite: “Você
precisa ver; não adianta contar”. Fui, vi e fiquei estarrecido. Tudo voltou ao
que era antes, mas pior. Agora a Cracolândia se espraiou, ocupa uma área ainda
maior: Praça da Sé, Pátio do Colégio, Rua Boa Vista. As tendas se espalham, com
varais e tudo. A revitalização da praça está, em grande parte, perdida.
Viciados e traficantes privatizam uma área imensa da cidade. Os moradores da
região estão cercados. Não obstante, essa gente moderna que hoje toma conta da
Prefeitura, boa de gogó, ágil para anunciar amanhãs sorridentes, excelente para
fazer discurso sobre a integração de classes, é incapaz de manter um programa
de combate ao crack. “E por que a Polícia Militar não atua?” Para ser acusada
de truculenta? Para ter de enfrentar a tropa de choque de promotores,
defensores públicos, ONGs e petistas?
Como não lembrar aqui da candidata Dilma
Rousseff a anunciar na televisão o seu miraculoso programa de combate ao crack?
Como não lembrar aqui de Haddad, a fazer a mesma promessa? Recordo-me também de
suas maquetes futuristas no horário eleitoral… A cidade está devastada. Os
zumbis voltaram a tomar conta das ruas. “A alternativa é tratamento médico”,
grita alguém. Não! Há uma conjunto de medidas, de que a assistência à saúde é
apenas parte. O problema é que nada está sendo feito. A tomada do Centro pelos
viciados, consolidada na gestão de Marta Suplicy, ganha agora um novo impulso.
George Soros, que financia mundo afora — inclusive no Brasil — ONGs e entidades
favoráveis à descriminação das drogas deveria vir ver de perto parte do seu
experimento social. Seus amiguinhos do PT estão botando em prática essa utopia.
Como é mesmo o nome daquela Schopenhauer
da descriminação das drogas, tratada por setores da imprensa brasileira como
pensadora? Ah, lembrei: Ilona Szabó. Ela é a favor da descriminação das drogas.
Na Cracolândia, ela é descriminada. Ela é contra a repressão policial. Na
Cracolândia, não há mais. E ela é contra a internação — na Cracolândia, não se
interna ninguém. Assim, concluo que essa região miserável, degradada e
desgraçada é a “Cidade de Deus” (estou citando Santo Agostinho, e não um
cineasta) desta grande pensadora.
Aos poucos, Haddad vai desmontando a
estrutura que herdou de combate ao crack e de atendimento aos viciados. Leiam o
que informa Afonso Bentes naFolha desta sexta. Volto depois:
*
Até dezembro de 2011, um imóvel na alameda Dino Bueno conhecido como “casarão do crack” era considerado o coração da cracolândia paulistana. Era lá que centenas de usuários se agrupavam para consumir a droga. A feira do crack, que atravessou a madrugada por mais de uma década no mesmo lugar, foi quebrada no começo de 2012, após operação conjunta de Estado e prefeitura que tinha a promessa de acabar com o tráfico e levar dependentes para tratamento. Pouco mais de um ano depois, o cenário voltou ao que era ao redor da construção — que virou um símbolo da tentativa do poder público de recuperar o controle da área.
*
Até dezembro de 2011, um imóvel na alameda Dino Bueno conhecido como “casarão do crack” era considerado o coração da cracolândia paulistana. Era lá que centenas de usuários se agrupavam para consumir a droga. A feira do crack, que atravessou a madrugada por mais de uma década no mesmo lugar, foi quebrada no começo de 2012, após operação conjunta de Estado e prefeitura que tinha a promessa de acabar com o tráfico e levar dependentes para tratamento. Pouco mais de um ano depois, o cenário voltou ao que era ao redor da construção — que virou um símbolo da tentativa do poder público de recuperar o controle da área.
O motivo foi a retirada de uma tenda do
CAT (Centro de Apoio ao Trabalho) que havia sido instalada no terreno do imóvel
da Dino Bueno. O equipamento municipal visava atender moradores de toda a
cidade e ajudar a reinserir no mercado de trabalho usuários de drogas do
centro, enquanto eram tratados. Nesta semana, a Folha foi três vezes ao local e
constatou que, apesar de não terem invadido o antigo casarão, os viciados
tomaram conta da entrada e de seus arredores.
Segundo a prefeitura, a tenda do CAT foi
removida de lá em março deste ano devido à baixa demanda. “Não saímos daqui
porque é daqui que a gente gosta. Ninguém incomoda”, disse um usuário, de 29
anos, morador de rua há oito. A qualquer hora esse trecho da Dino Bueno está
tomado por dependentes, que, à tarde, ouvem música alta de um bar e de uma
pensão.
(…)
(…)
Voltei
Um programa eficiente de combate ao crack só pode ser exercido com o concurso das três esferas de Poder. O governo federal inexiste na área, e a Prefeitura petista, desde o primeiro dia, se dedica a sabotar o trabalho do governo do Estado. Seus “engenheiros de gente” acham que reprimir o consumo de drogas é coisa de reacionários e que tornar público o espaço público é crueldade social.
Um programa eficiente de combate ao crack só pode ser exercido com o concurso das três esferas de Poder. O governo federal inexiste na área, e a Prefeitura petista, desde o primeiro dia, se dedica a sabotar o trabalho do governo do Estado. Seus “engenheiros de gente” acham que reprimir o consumo de drogas é coisa de reacionários e que tornar público o espaço público é crueldade social.
É que Haddad está muito ocupado, cuidando
do futuro. Como é mesmo o nome daquela franja do Fora do Eixo, de Pablo Capilé,
que tem cargos na Prefeitura? Ah, lembrei: “Existe Amor em SP”. É isto: existe
amor na Cracolândia. É o que importa.
PS – E não adiante vir com “mimimi”… “Ah,
olhem esse Reinaldo…” Antes que alguém resolva me torrar a paciência, convém
dar uma volta pelo Centro de São Paulo à noite. Vejam o que nove meses de uma
gestão desastrada podem fazer com uma cidade. Dilma foi um dos postes com que
Lula, segundo as suas palavras, iluminou o Brasil. O outro foi Fernando Haddad.
Em breve, ele vai tentar vender mais um ao Estado de São Paulo… Se for
bem-sucedido, aí, meus caros, é o apagão! AQUI
Nenhum comentário:
Postar um comentário