Em
atuação conjunta com Procuradria da República, a Polícia Federal tenta refazer
o caminho de uma suposta doação ilegal de US$ 7 milhões da Portugal Telecom
para o PT. A investigação teve origem num depoimento prestado por Marcos
Valério, o operador do mensalão, em setembro do ano passado. Envolve a quebra
de sigilo de contas no Brasil e um pedido de colaboração internacional para
obter dados de três contas abertas no exterior.
Valério
depôs voluntariamente à Procuradoria. Ele buscava um acordo de delação premiada
que lhe aliviasse o castigo judicial. Não conseguiu. Perdera a sua hora. O
julgamento do mensalão já estava em pleno andamento no STF. A despeito disso,
ele repassou dados que propiciaram a abertura de seis apurações.
Em notícia veiculada
neste final de semana, os repórteres Rodrigo Rangel e Hugo Marques contam que
uma delas, a que envolve os dólares da Portugal Telecom, está em estágio
avançado e ganhará um reforço internacional.
Segundo Valério, a doação foi combinada Lula e com os
ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci. Enviado a Lisboa, o próprio Valério
cuidou dos detalhes. Para dificultar a vida de curiosos, os depósitos teriam
sido feitos por fornecedores da Portugal Telecom em Macau, uma ex-colônia
portuguesa encravada no sul da China. Remetido ao Brasil, o dinheiro teria
bancado despesas da campanha presidencial de Lula, em 2002.
Rico em detalhes, o depoimento de Valério trouxe os
nomes dos beneficiários dos repasses e os números de três contas por onde os
dólares teriam escoado no estrangeiro. Aqui, a Justiça autorizou a quebra dos
sigilos das contas destinatárias. E a PF requereu ao Departamento de
Recuperação de Ativos, órgão do Ministério da Justiça, ajuda para tentar obter
no exterior as informações referentes à trinca de contas remetentes (titulares,
saldos e movimentação).
Tenta-se, em primeiro lugar, submeter a narrativa de
Valério a uma rigorosa checagem. Se o depoimento ficar em pé, os investigadores
irão à caça dos beneficiários finais da verba. Os repórteres contam que a movimetnação
da PF inquieta o petismo. No mês passado, o próprio Lula se queixou ao saber
que o amigo e ex-ministro Antonio Palocci fora intimado a prestar depoimento.
O descontentamento de Lula chegou aos ouvidos de Dilma
Rousseff, que acionou o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), que pediu
informações ao comando da PF, que compôs uma força-tarefa informal para mapear
o andamento de todas as investigações nascidas do depoimento de Valério. Esse
tipo de incursão não costuma agradar aos delegados que conduzem inquéritos. De
repente, do nada, informações reservadas começam a ganhar o notíciario.AQUI
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