O prefeito de São Paulo vem tentando usar o escândalo de desvios na
prefeitura para passar uma imagem de que estaria implacavelmente a favor da
justiça. Haddad, por exemplo, já confessou ter pago do
próprio bolso o aluguel de uma sala usada na
investigação e prometeu que obrigaria as empresas que participaram do esquema a pagar o que devem aos
cofres públicos. Contudo, o problema – já alertamos aqui no
Implicante – estaria no momento em
que as acusações respingassem em seus aliados. E este momento não demorou a
chegar.
Em matéria do dia 06, a Folha
destacou que a primeira atitude de Haddad ao ter uma auditoria fiscal sua
testemunhando contra seu secretário de governo foi afastá-la do cargo de
confiança que possuía:
O prefeito
Fernando Haddad (PT) afastou nesta quarta-feira (6) de cargo de confiança a
auditora fiscal que reforçou suspeitas da ligação do secretário de Governo,
Antonio Donato, com servidores suspeitos de provocar um rombo de R$ 500 milhões
na prefeitura.
Em depoimento ao Ministério Público, Paula
Sayuri Nagamati disse ter ouvido de um dos auditores presos que houve
colaboração à campanha de Donato à Câmara Municipal, em 2008, com “dinheiro
fruto da fiscalização”. O caso foi revelado pelo “O Estado
de S. Paulo”.
(grifos
nossos)
O afastamento ocorreu mesmo com a
ciência de que a promotoria não estava investigando a auditora:
Hoje, a prefeitura decidiu afastá-la – apesar de a Promotoria dizer que
ela não é investigada pelo caso.
“A Paula Sayuri é testemunha no
meu procedimento. Ela sempre foi e está sendo tratada como testemunha. Não existe qualquer acusação formal, qualquer fato imputado a
Paula Sayuri que a coloque como investigada no meu procedimento“,
disse o promotor Roberto Bodini.
(grifos
nossos)
Paula não foi a única a
testemunhar contra o secretário Antonio Donato, que já coleciona três citações
em toda a investigação:
Antes do depoimento da auditora, Donato, braço político do prefeito Haddad, já havia sido citado em
outros três episódios por envolvidos no esquema do ISS.
Em uma interceptação telefônica, Vanessa
Alcântara, ex-companheira do auditor Luis Alexandre Cardoso de Magalhães,
também acusado na fraude, afirmou que Donato teria
recebido do grupo R$ 200 mil para a campanha.
(grifos
nossos)
Haddad, indo de encontro à imagem
de justiceiro que vem tentando faturar com todo o acontecido e contrariando as
palavras do próprio promotor, não só segue na defesa de seu aliado como faz
acusações contra as testemunhas:
O prefeito saiu em defesa do secretário de
Governo e atacou as duas mulheres, que não são investigadas.
“É preciso analisar. A fonte é a
mesma, a quadrilha. Tanto a Vanessa quanto a Paula
fazem parte do esquema e
esses agregados estão tentando tumultuar”, disse.
(grifos nossos)
Nem o próprio PT vem conseguindo aplaudir o
posicionamento do prefeito. Dilma e Padilha, por exemplo, já vêm, segundo o Estadão, medindo o estrago que essa
investigação ocasionará nas alianças para a campanha de 2014:
No Palácio do Planalto, o
comentário é que o prefeito age com “egoísmo” e “nunca pensa” se suas decisões
vão atrapalhar a reeleição de Dilma ou a candidatura de Padilha. Além de citarem o aumento do IPTU, auxiliares da presidente
afirmam que Haddad deveria ter avisado o ex-prefeito de São Paulo Gilberto
Kassab (PSD), possível aliado do PT na eleição para a Presidência, sobre a
investigação da “máfia dos fiscais”.
(grifos
nossos)
Entre a justiça e a governabilidade, os 11 anos de
governo petista já provaram do que eles são capazes. AQUI
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