07/11/13 - 08:19
POR GIOVANNA BALOGH - FOLHA DE SÃO PAULO
Quem
amamenta, principalmente por um tempo mais prolongado, certamente já foi vítima
de olhares tortos ao ‘sacar’ o peitão no meio de um shopping ou de um
restaurante para amamentar o seu filho. Fora ouvir comentários como ‘ele tem
dentes e você amamenta? Que horror’ ou ainda ‘até quando você vai amamentar essa
criança?’.
Pitacos
de parentes e até desconhecidos nunca faltam. Apesar do Ministério da Saúde
recomendar exclusivamente o leite materno nos seis primeiros meses de vida do
bebê e como complemento a outros alimentos até os dois anos ou mais,
ainda há preconceitos com quem amamenta.
Para
mostrar que amamentar é um ato de amor e que pode ser feito em qualquer lugar,
a jornalista Catarina Beato, 33, e o fotógrafo Tiago Figueiredo, 38,
começaram a registrar mulheres amamentando seus filhos em lugares públicos,
como na rua, na praia, no estádio de futebol e até em pleno Elevado Costa e
Silva, conhecido como Minhocão, no centro de São Paulo. Os dois profissionais,
que são portugueses, contam que começaram o projeto Loove no meio deste
ano em seu país de origem.
“Infelizmente
há um estigma muito grande não só no Brasil, mas também em países da Europa de
que a mulher não pode amamentar na rua”, comenta Figueiredo, que já fotografou
mais de 20 mulheres em Portugal e na Angola e que agora expande o projeto no
Brasil.
Vítimas
de vários olhares, a geógrafa Fabíola Tibério Nunes, 34, disse que passou a
ignorar quem não entende a importância da amamentação. Ela participou de uma
sessão de fotos no final de outubro no Minhocão com o filho Igor, que vai
completar nove meses neste mês.
Fabíola
conta que amamenta o filho em qualquer lugar. “Acho que dar de mamar
publicamente pode ajudar a incentivar outras mulheres a fazer o mesmo. Muitas
mulheres amamentam escondidas nos banheiros ou fraldários. É feio amamentar em
público? Não tem sentido”,
comenta.
Amamentação em qualquer lugar
MAMAÇO
É fato que estamos acostumadas a ver mulheres desnudas no Carnaval, mas as mães ainda são descriminadas quando decidem amamentar em público os seus filhos. A polêmica sobre restringir o local de amamentação ganhou grande repercussão em março de 2011 quando a antropóloga Marina Barão foi proibida de amamentar Francisco, na época com três meses, no Itaú Cultural. Na ocasião foi organizado um mamaço (amamentação coletiva) e a entidade mudou de postura após o episódio, considerado um erro a atitude do funcionário que tentou impedir Marina de amamentar no local.
Nenhum comentário:
Postar um comentário