O
Ministério Público de São Paulo abriu ontem uma investigação para apurar
suposto enriquecimento ilícito do ex-secretário de Governo Antonio Donato, que
era braço direito do prefeito Fernando Haddad (PT).
A
decisão de abrir um novo inquérito, paralelo à apuração de um esquema de fraude
no ISS, foi tomada a partir do depoimento do auditor Eduardo Barcellos.
Ele
disse à Promotoria na semana passada ter dado mesada de R$ 20 mil ao então
vereador petista de dezembro de 2011 a setembro de 2012.
Barcellos
afirmou ainda que pode comprovar, com base em extratos telefônicos, que sempre
telefonava a Donato antes de ir pessoalmente à Câmara entregar a verba.
O
vereador, que está licenciado do cargo, nega ter recebido dinheiro do grupo.
A
investigação será conduzida por Marcelo Milani, da Promotoria do Patrimônio
Público, em um procedimento exclusivo, independente do esquema do ISS --no qual
fiscais são suspeitos de cobrar propina para a redução do imposto de
construtoras.
O
ex-secretário também poderá ser investigado na área eleitoral, já que há
suspeita, a partir de depoimentos e gravações, de que ele tenha recebido
dinheiro para sua campanha à Câmara.
Em
casos semelhantes, a Promotoria procura fazer uma varredura na vida do
investigado, com pedido de informação ao Coaf (setor de inteligência da
Fazenda) e levantamento de bens --para comparar com a renda. Cabe ao
investigado provar a origem de seu patrimônio.
Donato
saiu da gestão Haddad no último dia 12, no mesmo dia em que a Folha revelou que ele requisitou Barcellos
para trabalhar em sua equipe no começo do ano.
Barcellos
permaneceu na Secretaria de Governo entre janeiro e abril de 2013.
indícios
De
acordo com o promotor Roberto Bodini, que investiga a fraude do ISS, as
declarações de Barcellos dão fortes indícios contra Donato porque foram dadas
espontaneamente. "Barcellos diz que pode comprovar os contatos com Donato
pelas contas telefônicas", afirmou.
Além de
Donato, há suspeita de que o vereador Aurélio Miguel (PR) também tenha recebido
dinheiro do esquema, o que parlamentar nega.
Miguel
já é investigado por suspeita de enriquecimento após reportagem da Folharevelar, neste ano, sua
explosão patrimonial.
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