As provas estariam com um dos
principais investigados, Luís Alexandre de Magalhães. A confissão foi feita por
ele em reunião da quadrilha gravada com autorização judicial.
Na edição de 11 de novembro passado, o Fantástico apresentou novos áudios capturados pela investigação que apura cobranças de
propinas e desvio de ISS dentro da prefeitura de São Paulo. Aos 3 minutos e 50
segundos de reportagem, surge o trecho mais revelador: o esquema estaria ativo
há mais de uma década. Quem diz ter provas é um dos principais investigados,
Luís Alexandre de Magalhães, em reunião da quadrilha gravada com autorização
judicial:
“Vocês não queriam relatório igual
empresa? Não tinha que fazer um relatório? Mostrar? Relatório! Tem o número,
contribuinte, tudo bonitinho. Só que eu tenho isso desde 2002.
Então, tem que citar só o ISS? Vai entrar o IPTU também. Vai todo mundo!”
(Luís Alexandre Cardoso de Magalhães, com grifos nossos)
(Luís Alexandre Cardoso de Magalhães, com grifos nossos)
Em 2002, como é público e notório, a prefeitura de São
Paulo estava sob os cuidados de Marta Suplicy. Mas, mais do que isso, o
chefe de gabinete da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico do
município de São Paulo era Fernando Haddad, o atual prefeito, que manteve-se
no cargo de 2001 a 2003.
É importante lembrar as funções desta secretaria, segundo o próprio site da prefeitura:
Entre suas principais atribuições estão as
de administrar, fiscalizar e arrecadar os tributos municipais (ISS, IPTU, ITBI,
TFE, TFA, TRSS e Cosip); administrar as dívidas públicas
internas e externas do Município; realizar estudos e pesquisas para
acompanhamento da conjuntura econômica e fixação de preços públicos; celebrar
convênios com órgãos federais, estaduais e de outros municípios que objetivem o
aprimoramento da fiscalização tributária e a melhoria da arrecadação; criar
modelos de desenvolvimento econômico para a Cidade; desenvolver programas de
incentivos fiscais e projetos de parcerias público-privadas.
(grifos
nossos)
Segundo matéria da Veja, o promotor Roberto Bodini já está requisitando a documentação citadapara confirmar as suspeitas. Como
há um acordo de delação premiada, a verdade não tardará a vir:
O promotor
Roberto Bodini, que investiga desvios de 500 milhões dos cofres da prefeitura
de São Paulo, disse nesta segunda-feira que requisitará anotações da
contabilidade da quadrilha mostrando que o esquema teria começado a funcionar
em 2002.
“Até pelo termo de colaboração que ele
[Magalhães] assinou conosco, vou pedir a explicação em relação a isso.
Inclusive a efetiva posse do documento.Ele é claro [na gravação] ao
afirmar que tem todos os registros, todas as planilhas desde 2002”, disse
Bodini.
(grifos
nossos)
Mais dois vereadores
Enquanto a mídia ontem focava sua atenção na prisão
dos mensaleiros, o Estadão destacou
que mais dois vereadores da base governista foram citados por testemunhas:
Depoimento de uma testemunha protegida
pelo Ministério Público Estadual (MPE) inclui outros dois vereadores
paulistanos na lista de políticos que teriam recebido dinheiro da quadrilha de
auditores fiscais de São Paulo para suas campanhas eleitorais no ano passado.
São eles: Paulo Fiorilo (PT) e Nelo Rodolfo (PMDB), ambos da base do prefeito
Fernando Haddad (PT) na Câmara Municipal.
Segundo o depoimento, ao qual o
Estado teve acesso, o auditor fiscal Ronilson
Rodrigues teria financiado as campanhas do petista e do peemedebista,
sem citar valores. Rodrigues é apontado como chefe da quadrilha acusada de
desviar até R$ 500 milhões, cobrando propina para reduzir o Imposto sobre Serviços
(ISS) de obras na capital paulista. Antonio Donato (PT) e Aurélio Miguel (PR)
também teriam recebido dinheiro do grupo.
(grifos nossos)
Cuspir para cima
Em entrevista ao Terra, Fernando Haddad defendeu a investigação em curso e disse que não há como
voltar atrás. Em dado momento, ele reforça:
“Das duas
uma: ou você combate e assume os riscos inerentes a esse combate, porque você
está lidando com criminosos, ou você faz o que a tradição brasileira recomenda:
‘não mexe com isso que vai acabar pegando em você’.”
(Fernando
Haddad)
A tradição governista faz crer que
não demorará a Haddad levantar a placa com os dizeres “eu não sabia” acerca da
montagem de um esquema de corrupção dentro do gabinete o qual chefiava. O que
talvez seja verdade, ou então não estaria vindo a público tentar faturar o
bônus do combate ao crime, se colocando na condição de financiador de toda a
investigação. Mas isso não o livra da incompetência de ter fiscais tão próximos
agindo inescrupulosamente sob seus cuidados. Ou ainda de só tomar atitudes
uma década, ou meio bilhão de reais, depois. Leia no site do IMPLICANTE
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