MENSALÃO: ao condenar por corrupção ativa os outrora poderosos Dirceu, Genoino e Delúbio, Joaquim Barbosa entra para a História e lava a alma dos brasileiros de bem

Post publicado originalmente no dia 3 de outubro de 2012

Por Ricardo Setti - Veja Online

Amigas e amigos do blog, independentemente do que ocorra no restante do julgamento do escândalo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, o ministro relator do processo, Joaquim Barbosa, no Supremo desde 2003, acaba de entrar para a História da República.
Foi o relator de um processo que, pela primeira vez, condenou em seu voto, por corrupção ativa, dois políticos de alta catadura e graúda condição: o ex-todo-poderoso chefe da Casa Civil do lulalato, José Dirceu, que pretendia chegar um dia à Presidência da República, e 0 ex-deputado e ex-presidente do PT, o partido do governo, José Genoino, também ex-candidato muito bem votado a governador de São Paulo em 2002 — perdeu de longe para o tucano Geraldo Alckmin no segundo turno, mas obteve imponentes 8,4 milhões de votos (41,3% do total).
Dirceu, Delúbio e Genoino: o voto do ministro Joaquim contra figuras poderosas do poder e do partido do governo em crimes tão graves é inédito na história do Supremo (Fotos: veja.abril.com.br)

Nunca, nos quase 123 anos de história do regime proclamado em novembro de 1889, figuras que foram chave no exercício do poder estiveram, como estão Dirceu e Genoino — além de Delúbio Soares, integrante algo apagado do PT, mas fundamental para a bandalheira do mensalão –, tão próximos das grades de uma cadeia.
O ministro Joaquim Barbosa votou depois de desenvolver um trabalho árduo, quase desumano, ao relatar um processo com 38 réus, mais de 700 testemunhas ouvidas, e cujos autos são constituídos por quase inacreditáveis 50 mil páginas, 234 volumes e 500 apensos, e com vários crimes diferentes sendo imputados, em graus diferentes, aos acusados.
Sua tenacidade e coragem recuperam a imagem dos homens públicos no Brasil e dão esperanças, aos brasileiros decentes, de que a violação da lei ”neztepaiz” por parte dos que muito podem não continue a ser como sempre, vergonhosamente, foi: impune.

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