A viseira de Maduro: O regime chavista hoje é conduzido de forma cada vez mais desgovernada pelo ex-motorista de ônibus Nicolás Maduro.


Caio Blinder

De Nova York

O regime chavista hoje é conduzido de forma cada vez mais desgovernada pelo ex-motorista de ônibus Nicolás Maduro. Ele tapa a boca da imprensa livre (veja coluna de segunda-feira) e tem uma viseira para se proteger da realidade. É um tapado. Este é um regime que se recusa a ver a realidade e sufoca quem está disposto a mostrar as coisas com todas as luzes.
Na Venezuela de hoje, com a ocupação literal do espaço pelas milícias chavistas (os colectivos), está cada vez mais difícil exercer a política livremente, fazer uso das liberdades individuais, contar o que está acontecendo ou recomendar o caminho para o país sair do buraco. Neste contexto, a oposição radicaliza na briga para inclusive ocupar espaço físico e as indicações são de enfraquecimento da liderança mais moderada do ex-candidato presidencial Henrique Capriles.
Já os canais de livre comunicação são cada vez mais estreitos. Esta coluna é amiga de um site vital para quem está dentro e para quem está fora da Venezuela. Com sua visão ampla, sem viseiras, do que se passa, o site Caracas Cronicles se pauta por independência, inteligência e incredulidade. Agora em fevereiro, ele perdeu o seu mentor, Francisco Toro, o Quico, (imaginem, ele também é obcecado com a crise no Sudão do Sul). Há uma nova direção e uma remodelação gráfica. O site continua sendo o bom colectivo. Lá estão textos instigantes como os de Juan Cristobal Nagel.
Na segunda-feira, o destaque na “home” do Caracas Cronicles era o texto It’s the Institution, Stupid!  Nagel recorre ao já clássico livro “Por que as Nações Fracassam”, de Daron Acemoglu e James Robinson, cujo argumento central está nas diferenças entre países com instituições inclusivas e extrativistas. Os primeiros permitem que a riqueza seja disseminada pela sociedade, enquanto os extrativistas são aqueles que concentram a renda em uma elite privilegiada. Surtos de crescimento ou a “comodidade” de exportações de alguma commodity, como petróleo, permitem a um país extrativista faturar por um tempo, em particular com políticas sociais populistas, como é o caso da Venezuela.
No entanto, o desenvolvimento em todos os sentidos apenas é sustentável com instituições inclusivas. Acemoglu e Robinson observam que instituições políticas extrativistas concentram o poder nas mãos de uma elite estreita (cheia de viseiras, no meu complemento) e colocam pouco controle no exercício do seu poder.  O extrativismo econômico naturalmente acompanha o político. O desenvolvimento de instituições econômicas inclusive (sic!) depende do surgimento de instituições políticas igualmente inclusivas, que atendam a um conjunto amplo de diferentes interesses e representem uma grande diversidade de atores políticos.
A transformação das instituições econômicas na Venezuela (com plena pluralidade de oportunidades, o respeito à propriedade privada, o acatamento dos contratos e um judiciário independente) depende da política, da mudança de regime, do fim do chavismo. Quem tem viseira não enxerga isto ou quer ser protegido desta realidade por ser privilegiado pelo extrativismo.

Um comentário:

jroge disse...

e daí que o MADURO foi motorista de ônibus, nos temos um metalurgico analfabeto como ex-predidente atuante que elegeu pelo ze povinho, IGNORANTE, um poste.