Acabo de ver a entrevista com o ex-Secretário Nacional
de Segurança do governo Lula, Romeu Tuma Jr., autor do best-seller Assassinato
de Reputações. No livro, Tuminha, como gosta de ser chamado, faz
várias acusações bombásticas, segundo ele uma peça de defesa após o PT iniciar
sua máquina de triturar reputações contra sua pessoa.
A primeira pergunta, feita por Augusto
Nunes, recebe uma resposta direta: não foi alvo de um único processo na Justiça
até agora! Chama Lula de informante do DOPS; relata encontro com o ministro
Gilberto Carvalho, em que este, chorando, teria confessado que realmente disse
para familiares do ex-prefeito Celso Daniel que levava pessoalmente dinheiro de
caixa dois para José Dirceu; afirma que o caso conhecido como “Rosegate”,
envolvendo a “amiga íntima” de Lula, Rosemary Noronha, faria Hollywood parecer
brincadeira; entre outras coisas. Mas ninguém o processou até agora.
Na entrevista, Tuminha praticamente
clamou por isso. Disse que tem mais provas guardadas, que aceita fazer uma
acareação com o ex-presidente Lula, que só não mostra tudo pois escreveu um
livro, não um inquérito policial, que teria 4 mil páginas. E então? Alguém do
PT vai processar Tuminha?
Em qualquer país sério, menos de 10% das
denúncias de alguém que ocupou o cargo que Tuminha ocupou já faria a República
balançar, e seria um escândalo de proporções gigantescas. Haveria muito mais
investigação, os jornalistas sairiam em campo em massa, haveria pressão,
perguntas incômodas.
O fato de não vermos nada disso
demonstra o quanto vivemos em uma situação calamitosa. Para usar a expressão do
próprio Tuminha, o Brasil já vive em um Estado Policial, com um aparelhamento
da máquina e total instrumentalização da Polícia Federal para servir a um
partido.
O relativo silêncio e a normalidade com
a qual as denúncias de Tuminha foram recebidas é mesmo algo espantoso e
assustador. Nas palavras de Tuminha:
A
verdade nua e crua é que o governo – que se diz de esquerda, democrático,
social, preocupado com os direitos humanos e que repudia a “ditadura” – tem sob
seu comando uma polícia que grampeia as pessoas, seleciona trechos de
conversas, pinça frases, descontextualiza diálogos, cria enredos e manda gente
para a prisão por achismo e dedução.
Tuminha
viu de dentro a podridão toda, foi alvo dela. Não vem ao caso, aqui, se sua
própria reputação é totalmente ilibada ou não. Várias denúncias graves muitas
vezes vêm de gente de dentro do esquema exposto. O relevante é o
que está sendo dito, e por alguém que conheceu o funcionamento
da coisa. Até quando o Brasil vai fingir que não ouviu nada? Que venha logo o
segundo tomo, com novas denúncias e evidências, para ver se, desta vez, o país
finalmente acorda…
Rodrigo Constantino
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