INACREDITÁVEL : Senado engaveta investigação sobre farsa na CPI da Petrobras . Ignorando vídeo de vinte minutos que comprova a fraude, comissão avaliou que 'não havia indícios' do vazamento de informações. Investigados receberam gabarito de questões

Marcela Mattos, de Brasília
Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras para análise do plano de trabalho e de requerimentos - (14/05/2014)
Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras para análise do plano de trabalho e de requerimentos - (14/05/2014) (Geraldo Magela/Agência Senado/VEJA)
A comissão de sindicância instaurada no Senado para apurar a farsa montada pelo governo e pelo PT na CPI da Petrobras decidiu arquivar as investigações sobre o caso. Conforme revelou VEJA, os investigados recebiam as perguntas dos senadores com antecedência e eram treinados para responder a elas, a fim de evitar que entrassem em contradição ou dessem pistas capazes de impulsionar a apuração de denúncias de corrupção na companhia - a trapaça foi documentada em um vídeo com 20 minutos de duração.   
Ignorando a gravação, a comissão de sindicância alega que “não houve qualquer indício de vazamento de informações privilegiadas, de documentos internos da CPI ou de minutas de questionamentos que seriam formulados aos depoentes”. Em nota, a Diretoria-Geral do Senado afirmou que a comissão funcionou ao longo de 37 dias, ouviu catorze depoimentos, investigou caixas-postais de correio eletrônico dos envolvidos e analisou os vídeos dos depoimentos. A investigação, ainda de acordo com a diretoria, foi comandada por servidores com “notável formação acadêmica”.
Obtida por VEJA, a gravação mostra uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e Calderaro Filho para tramar a fraude no Congresso. Barrocas revela no vídeo que um gabarito foi distribuído aos depoentes mais importantes para que não entrassem em contradição. Paulo Argenta, assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais, Marcos Rogério de Souza, assessor da liderança do governo no Senado, e Carlos Hetzel, secretário parlamentar do PT na Casa, são citados como autores das perguntas que acabariam sendo apresentadas ao ex-diretor Nestor Cerveró, apontado como o autor do “parecer falho” que levou a estatal do petróleo a aprovar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, um negócio que impôs prejuízo de pelo menos 792 milhões de dólares à empresa.

Segundo conta Barrocas, Delcídio Amaral (PT-MS), ex-presidente da CPI dos Correios, encarregou-se da aproximação com Cerveró. Relator da comissão, José Pimentel (PT-CE), a quem respondem Marcos Rogério e Carlos Hetzel, formulou 138 das 157 perguntas feitas a Cerveró na CPI e cuidou para que o gabarito chegasse ao ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli.
Mais de um mês após o caso ter vindo à tona, não houve nenhuma resposta contundente das autoridades. A única providência foi tomada pela Petrobras, que transferiu José Eduardo Sobral Barrocas do cargo de gerente do escritório da companhia em Brasília para o de assistente do chefe de gabinete da presidente Graça Foster, no Rio de Janeiro. A oposição também solicitou ao Ministério Público a investigação sobre o caso, mas ainda não houve manifestação dos procuradores.

Um comentário:

Anônimo disse...

O POVO TEM QUE VOLTAR PARA AS RUAS E EXPURGAR, TAMBÉM, ESSES CANALHAS DA POLÍTICA BRASILEIRA. É O CÚMULO DA DESFAÇATEZ E DA FALTA DE VERGONHA. ESTAMOS ENTREGUES AO JUGO DE UMA MÁFIA DE CORRUPTOS E LADRÕES QUE SE ENCASTELOU EM BRASÍLIA-DF. PRECISAMOS TOMAR UMA ATITUDE ANTES QUE O PAÍS CHEGUE AO FUNDO DO POÇO.