CHANTAGEM EXPLÍCITA

Al Capone vendia proteção aos comerciantes de Chicago. Se não pagassem, mandava seus capangas incendiar e até jogar bombas nos estabelecimentos.
Exceção das explosões, qual a diferença entre a ação do rei dos bandidos americanos e a ameaça feita pela presidente Dilma aos líderes dos partidos da base oficial, na noite de segunda-feira? Ela comunicou que só liberaria 444,7 milhões para as emendas individuais ao orçamento, de deputados e senadores, caso eles aprovassem o projeto alterando as metas fiscais para o ano em curso. Condicionou a entrega de recursos para obras nos municípios à votação do projeto alterando a Lei de Diretrizes Orçamentárias, permitindo ao governo descumprir a meta fiscal deste ano e transformar deficit em superavit.
O nome dessa operação é chantagem. Importa menos se parte das emendas individuais cheira mal, tendo em vista ligações espúrias entre seus autores e empreiteiros de obras superfaturadas. De qualquer forma, serão escolas, postos de saúde, pontes, estradas vicinais e uma infinidade de outras iniciativas destinadas a beneficiar municípios e regiões do interior.
A gente pergunta como tamanha barganha pode acontecer senão à luz do dia, pelo menos já de noite, sob os holofotes da sala de reuniões da presidente Dilma com seus líderes. Pior é que os fotógrafos registraram todo mundo rindo, como numa festa de Natal antecipada. Houve um adendo, quando a anfitriã acrescentou que seria aprovar o projeto de mudança na LDO ou o governo cortar verbas para obras em estados e municípios.
Como tamanha indecência pode acontecer? Primeiro por não ser novidade, muito menos prerrogativa da administração do PT. Ainda que sem a desfaçatez de um ato público, faz tempo que essas coisas se repetem, calcadas na Oração de São Francisco: é dando que se recebe. Do Brasil Colônia à Monarquia e à República, das ditaduras à democracia, a regra tem sido a mesma.
DE HERODES AOS TEMPOS ATUAIS
Herodes cuidou das criancinhas, chacinando milhares. Agora chegou a vez dos velhinhos. O governo anuncia que por conta do aumento da idade média dos brasileiros, será reduzido em 0.65% o cálculo das aposentadorias. Quer dizer, os velhinhos receberão menos porque viverão mais.

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