A festa do PCC: cocaína da na bandeja(Reprodução/VEJA)
Por Wálter Nunes
Na festa de aniversário de 22 anos do PCC dentro de uma cadeia feminina na capital paulista não teve bolo. "O bolo não deu tempo de nós fazer agora (sic)", avisou a detenta responsável pela organização do evento. Mas teve cocaína, na bandeja, em fileiras que formavam a mensagem: 15 3 3 22 anos. O 15 3 3 corresponde à posição no alfabeto das letras que formam as iniciais do Primeiro Comando da Capital, a facção criminosa que domina os presídios paulistas e se espraiou por todo o país. As imagens, gravadas dentro da Penitenciária Feminina de Sant'anna na segunda-feira desta semana, estão registradas em dois vídeos de menos de um minuto cada um, obtidos com exclusividade por VEJA (assista abaixo).
Pouco depois de procurada pela reportagem, a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado divulgou nota anunciando a exoneração do diretor de segurança da unidade. Determinou também a revista em todas as dependências da penitenciária e a transferência das internas identificadas nas imagens. "O caso está sendo investigado pela Corregedoria Administrativa do Sistema Penitenciário e, se comprovada a participação de outros servidores, eles serão rigorosamente punidos", diz a nota,
Na festa realizada em Sant'anna, uma das presas organizava a fila do pó. "É gente, vai cheirando, mano. Você vai bater na bandeja, bicha." As presas que aparecem no vídeo recebem em suas canecas um líquido amarelo que parece ser um refrigerante sabor laranja. Mas a líder da festa comunica que aquilo é uma mistura que leva cachaça. "Ó, nós vamos fazer duas filas aqui, primeiro nós vai botar a cachaça (sic), pouquinho, porque é pouco", afirma. Em seguida anuncia que vai distribuir maconha para as detentas: "Depois nós vamos dar o baseado. Cada baseado para três fumar. Vocês faz seus grupinho aí (sic)".
O vídeo parece ter sido feito por uma das presas que participam da festa - e por meio de um celular. Dezenas delas então cantam o refrão: "É o 15, é o 15, é o 15". A festa acontece nos corredores de dois andares onde ficam as celas. Em nenhum momento é possível ver funcionários do presídio. Pela dimensão do acontecimento, é difícil crer que uma festa desse tamanho aconteça dentro de uma penitenciária sem que os funcionários fiquem sabendo. Assista o vídeo em site da VEJA
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