Desculpem-me os afoitos. Não vou entrar na histeria coletiva. Os áudios do senhor Sérgio Machado são a nova Escola Base do jornalismo brasileiro, agora na esfera política: são a escandalização do nada. Quando acho uma coisa grave, digo, venha de onde vier: não hesitei um minuto em defender a demissão do senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Embora não haja crime nenhum na sua conversa com Machado, fica a clara sugestão de que ele achava que o governo Temer poderia dar uma contornada na Lava-Jato. Não poderia. Mas e daí? Também me opus de maneira clara é inequívoca à condução do sr. André Moura (PSC-SE) à liderança do governo na Câmara.
Mas e quanto a Fabiano Silveira, novo ministro da Transparência? Novas fitas de Machado registram uma conversa havida há mais de três meses em que o agora titular da pasta dá dicas jurídicas ao próprio Machado e a Renan. ATENÇÃO! Ele não sugere nenhuma ilegalidade. Ao contrário: recomenda, num dos casos, que se respeitem os ritos da Procuradoria-Geral da República.
É impressionante o que está em curso. Acusa-se a existência de uma conspiração com base em conversas gravadas, sem que haja, no entanto, o menor indício de que eventuais intenções se transformaram em gestos. Ou há algum indício de interferência na Lava-Jato? Na conversa em que aparece a fala de Silveira, há apenas a recomendação de que se siga a lei.
Tenham paciência! Agora fico sabendo que diretores regionais do ministério estão se demitindo. Há quem fale em greve. É claro que se trata do PT agindo nos bastidores para inviabilizar o governo.
Quem quer que tenha usado Machado para blindar a Lava-Jato de eventuais interferências políticas está fazendo um mal imenso ao país. Advogados, procuradores, delegados da PF e o próprio Rodrigo Janot sabem que não há crime nenhum ali.
Nesta segunda, aliás, vieram a público detalhes da delação do ex-deputado Pedro Correa. Ele deixou claro: Lula sempre soube de tudo e sempre esteve no comando. Ainda voltarei ao assunto.
É verdade. Esteve e ainda está à frente de um dos três polos de poder que há hoje no Brasil: o governo oficial, de Temer; o governo clandestino, o do PT. E o governo oculto, mas que hoje determina o que acontece com o país: a Lava-Jato.
Está claro, hoje, que só a operação pode manter a operação nos limites da legalidade. No ritmo em que alguns pretendem que as coisas caminhem, vai nos restar a criação de um Comitê de Salvação Pública. Quem se candidata a ser o Robespierre? Quem vai decidir quais cabeças devem ser cortadas em processos extrajudiciais?
E pensar que celerados de extrema direita e de extrema esquerda defendem um regime plebiscitário, em que tudo se defina na praça, na base do berro…
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