Márcio Falcão - Folha de São Paulo
O ex-procurador-geral da República Antonio
Fernando de Souza, responsável pela denúncia do mensalão no STF (Supremo
Tribunal Federal), afirma que as defesas dos réus do processo estão empenhadas
em provocar dúvidas na opinião pública sobre a existência do esquema.
Para o ex-procurador-geral, tanto na
denúncia quanto nas alegações finais do Ministério Público existem evidências
"certas e determinadas" da compra de apoio político. "Não há
dúvida nenhuma quanto a isso", afirma.
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O
ex-procurador-geral AntonioFernando de Souza
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A maioria dos advogados tem atacado a
acusação, classificando-a até de ato de terrorismo, e o atual procurador-geral
da República, Roberto Gurgel, já chamado de "mesquinho" por não
reconhecer a inocência de um réu. Dois advogados disseram ontem que o mensalão
não existiu.
O Ministério Público Federal considera o
mensalão o mais "atrevido" escândalo de corrupção do país.
Souza minimiza os ataques dos advogados
que tentam desqualificar as provas da Procuradoria sobre a existência de uma
"sofisticada quadrilha". Ele afirma que a movimentação das defesas
pretende deixar a "opinião pública imaginar que há uma dúvida sobre o que
foi dito".
ILEGALIDADE
Souza rejeita a tese dos advogados de que
houve caixa dois. "A convicção do Ministério Público é que não foi caixa
dois", diz. "Toda aquela movimentação financeira, pagamentos na
calada da noite, às escondidas, em dinheiro vivo, à margem do sistema bancário,
revela algo ilícito que não poderia ser à luz do dia", acredita.
Advogando desde que se aposentou do
Ministério Público, em 2009, ele tem acompanhado parte do julgamento em seu
escritório, em Brasília. Diz que e ataques dos advogados a seu sucessor,
Roberto Gurgel, são naturais. No oferecimento da denúncia, afirma, os ataques
foram mais "agressivos".
Souza diz ter convicção que o Ministério
Público foi justo na acusação, tanto que pediu a absolvição, por falta de
provas, de dois réus: Antonio Lamas, ex-assessor do PL, e o ex-ministro Luiz
Gushiken. "Isso mostra que o Ministério Público foi cauteloso em todo o
processo."
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